31.8.09

O gajo novo

Já há algum tempo, quando me apeteceu acabar com o Contraculturalmente (ainda no tempo em que o blog tinha a morada antiga), surgiu-me a ideia de passar o testemunho. A ideia era não deixar o blog morrer, mas sim colocar outra pessoa a tomar conta dele e seguir o meu caminho. Uma das pessoas em quem pensei e que realmente melhor se adaptaria nesse papel era o meu amigo Vasquinho.

Entretanto o blog morreu mesmo, e depois renasceu nesta nova morada, há um ano e tal. E hoje, tenho o prazer de anunciar que o Contraculturalmente vai passar a ter a co-autoria do Vasco, pessoa em cujo o gosto (bom e duvidoso) confio totalmente e que de certeza irá dar um contributo valioso a este blog.

Bem vindo, estrifumiga!

P.S.: Não, eu não vou sair do blog, gosto demasiado disto para o abandonar. O Contra vai passar a ser dos dois.

P.S.2: Vasco vens para aqui mas é para escreveres! (se escreveres tanto como eu não precisas de escrever muito...)

28.8.09

5 clássicos de Portugalidade em Agosto

Agosto, ai meu lindo Agosto, são 11 meses por ti a sonhar, sol forte e areia quente, sardinha assada e vinho tinto, fonte de receitas para alguns e de férias para quase todos! Agosto, o mês em que a Portugalidade é sublimada, o Português típico só tem razões para sorrir, e o Português atípico razões para gozar! Agosto, o mês! Honremos a nossa Portugalidade, representada nestes cinco exemplos!

Emigrantes de La France!!!



Agosto, mês em que os emigrantes descem para Sud nas suas voitures em direcção ao Portugal, fazendo muitos quilómetros na autoroute sem sequer parar para faire le pipi. Antigamente eram todos da França, mas agora, tal como o Vison Americano (Mustela vison) que se evadiu das fábricas de casacos de peles em Itália e se tornou com todo o direito numa espécie invasora na Europa Continental, também o Emigrante Português invadiu o Luxemburgo, a Suíça, o Canadá, o Reino Unido, a Irlanda, a Alemanha, etcetera, etcetera...

Ao chegar ao Portugal, os emigrantes são brindados com...

Vendedores de Melancia à Borda da Estrada!!!



Outro clássico veraneio Lusitano, o vendedor de produtos hortícolas na berma da Nacional é um must-have para quem se passeia pelas estradas mais típicas de Portugal. Aqui, o emigrante pode adquirir um bem de primeiríssima necessidade, a melancia, complemento essencial para o kit-praia, onde também se incluem a já clássica geleira azul e o poderoso garrafão de vinho tinto.

E agora sim, está tudo pronto para se rumar ao destino final...

Praias atafulhadas de gente!!!



Praia em que se consiga ver um grão de areia no meio das toalhas não é praia! Para se ver areia ia-se para o deserto! E mesmo se a praia não estiver com gente até à borda, há-que colocar a toalha mesmo encostadinha à do vizinho do lado porque lá porque agora o areal não está cheio, não quer dizer que não possa vir a ficar de repente, e assim como assim já se está com o nariz enfiado em sovaco alheio. Chama-se a isto prevenção activa!

E à tardinha, quando a praia começa a ficar mais vazia, há-que rumar com a multidão para a próxima tarefa estival...

Comer e buer!!!



As leis são para serem cumpridas, e manda a lei que os restos do farnel que sobrou da praia sejam devorado à sombra. No entanto, a relevância da mesma sombra é nula. Parque de merendas? Aprovado! Pinhal? Se der para depois colocar o saco do lixo num ramo para depois alguém ir lá buscá-lo, pode ser! Estacionamento do LIDL? Excelente, vai-se logo buscar a comida à fonte! Passeios públicos? Desde que tenha uma grade de minis para me sentar, claro que sim! Rotundas? Obviamente, ainda para mais com tanta linda escultura que as adornam actualmente, é um desperdício de espaço verde não as usarmos para a tainada! Comer o comer e buer o buer é desporto nacional!

Mas, e a parte mais importante do mês de Agosto, aquilo que o define, que está omnipresente, nos carros dos emigrantes, nas bancas de melancia, nas praias, nos pique-niques, nas festas de aldeia, nos bares de strip e botecos de alterne, durante os fogos florestais, nos muzaks dos elevadores...

Música Pimba!!!



Vá, todumundo:

MEU QUERIDO MÊS DE AGOSTO
POR TI PASSO O ANO INTEIRO A SONHAR
TRAGO SORRISOS NO ROSTO
MEU QUERIDO MÊS DE AGOSTO
PORQUE SEI QUE VOU VOLTAAAAAAAR!!!

27.8.09

Filmes: Aquele Querido Mês de Agosto

Uma família de emigrantes regressa à aldeia de origem em Agosto, como o faz todos os anos. Mas desta feita, Hélder apaixona-se pela prima aldeã, Tânia, vocalista na banda de baile de seu pai, Domingos. É esta a estória da segunda parte de Aquele Querido Mês de Agosto.



A primeira parte de Aquele Querido Mês de Agosto é um documentário/pesquisa para a segunda parte. Aqui, ouvem-se lendas de aldeia, do rapaz que saltou da ponte e que foi atropelado por Marroquinos, joga-se ao jogo do prego, vê-se passar a procissão e a fanfarra, vai-se à concentração Motard de Góis, lançam-se foguetes e assiste-se ao fogo preso, assiste-se ao espectáculo do Marante, baila-se. E muito. É a pureza das gentes do campo, ridicularizados por quem já esqueceu da pureza das suas origens, invejados por quem já assim viveu, cómicos por natureza, mas íntegros! Portugal é isto, e não há-que ter vergonha.

Impressiona e agrada a linha ténue na qual este filme balança. Encare-se com um misto de Making-of que se funde na ficção e documentário do qual brota uma estória ficcional. Muito natural, com um leve travo a anarquia. Uma maneira assaz interessante de se fazer cinema. Aquele Querido Mês de Agosto saiu recentemente com o Público, portanto se fizerem como eu fiz e perguntarem por ele pelas papelarias, facilmente o encontrarão. Vale a pena, pois o filme é uma peça de cinema Nacional do bom, exemplo e estandarte de que por aqui há gente com talento e jeitinho para a coisa. Boa fotografia, realização imaginativa, som fabuloso. Peca pelo argumento meio boçal da parte ficcional e pela inexperiência dos actores, gente amadora recrutada no local de gravações, mas ganha nas partes de verdadeiro documentário, e das conversas transversais dos actores e equipa de realização que dá por si inserida no meio da trama. E tudo flui naturalmente. Belíssimo!

Trailer:

25.8.09

Pretty

24.8.09

Discos: Yo La Tengo - Popular Songs

O novo disco dos Yo La Tengo chama-se Popular Songs, sai dia 8 de Setembro e eu já o saquei ilegalmente já tive oportunidade de ouvi-lo.



E devo dizer que... Já acompanho a obra da banda de Hoboken há muito tempo... Devorei muitos dos seus anteriores 11 albuns e dezenas de EPS... Descobri a grandeza de May I Sing With Me tardiamente, mas And Then Nothing Turned Itself Inside-Out acompanhou-me vivamente nos meus primeiros anos de ensino superior... Não me assumo como fã da banda nem perito nem nada que se pareça... Mas... Este é o 12º album! Como é possível que o 12º longa-duração de uma banda que já existe desde 1984 possa soar tão fresco, tão coeso, tão agradável, tão... bom?

Popular Songs agarra-nos por ser precisamente aquilo que o título indica: um compêndio de canções populares, num misto de Dream Pop com Shoegaze com passagem pelo Rock do bom, Twee (!) e pela Soul (!!), surpreendentemente acessíveis, e não tão surpreendentemente excelentes. Desengane-se quem acompanha a banda de longe, o experimentalismo ainda cá está (só as 3 últimas faixas juntas ultrapassam os 35 minutos de duração), ou não fosse este um disco de Yo La Tengo. Mas a leveza Pop da qual este disco se alimenta surpreendeu-me verdadeiramente... Avalon or Someone Very Similar... When It's Dark... Here To Fall... All Your Secrets... Perfeição... O meu disco preferido de Yo La Tengo! Recomendo!

Site: www.yolatengo.com

MP3: Periodically Double or Triple
MP3: Here to Fall

(Retiraram-me outro post do ar, por ter colocado MP3... E desta vez fui buscá-los directamente ao site dos Yo La Tengo, que os tem lá livremente... Pronto, vou deixar de meter MP3 aqui...)

14.8.09

Tudo o que interessa saber sobre os Estados Unidos, capitulo XV: Iowa

Iowa, o estado do milho

Capital: Des Moines

Animal: Bagre americano (Ictalurus punctatus)

Lei idiota: Um homem de bigode nunca poderá beijar uma mulher em público

Banda: A banda mais conhecida do Iowa consiste num gang de homens adultos envergando máscaradas de carnaval e tocando Nu-Metal. Os fãs desta banda dizem que eles são "muita bons porque utilizam pedal-duplo". Uma vez conheci um bronco que era polícia de intervenção e que dizia que gostava de bater em estudantes enquanto ouvia este som, razão suficiente para os riscar da minha playlist porque a) sou pacífico, b) na altura era estudante e c) passei a associar todo e qualquer fã deste género musical ao bronco do polícia de intervenção que gostava de descarregar frustrações pelo cacetete. O resto das bandas deste estado são clones deste gang.

Miss Iowa: Chelsea Gauger

13.8.09

Banda Desenhada: Preacher

Não é nada de novo, mas só recentemente dei uma chance ao universo do Preacher, de Garth Ennis e Steve Dillon.


E, devo dizer... Esta é a séria de banda desenhada mais kick-ass de todos os tempos! Mesmo! As melhores personagens, as histórias mais decadentes, as paisagens mais reles! Excelência!

Preacher conta a estória de um pastor evangélico bebedolas e fumador inveterado, que por razões que não interessam para agora (e que estragariam metade da piada de ler a obra), vê-se a braços com o poder da palavra divina. Ou seja, tudo o que Jesse Custer diz é lei. Imaginem o que acontece quando o pastor diz a alguém GO FUCK YOURSELF!

Junto a Custer está Tulip, a sua namorada, assassina contratada com predilecção por armas de fogo, e Cassidy, o vampiro mais gloriosamente decadente (que ataca pescoços como quem morde um pernil) da história da vampiragem, e por conseguinte o meu vampiro favorito. E este trio de gente feliz tem aventuras a rodos, em busca de Deus, que está de férias algures pela Terra. Pelo caminho vão encontrar gente tão divertida como o temível Saint of Killers, ou o vilão mais estúpido do Oeste Arseface, ou mesmo a assustadora avó de Custer e John Wayne himself, assim como um número avultado de personagens ricas em pormenor e decadência.

Preacher mistura em doses generosas humor negro, ultra-violência, temática Western e Religiosa, Vietnam e guerra de independência da Irlanda, depressão e repressão, e uma panóplia de tabus e taras sexuais de fazer corar a mente mais aberta. Inteligente, violento, polémico, nojento e divertido, Preacher é um must para qualquer fã da 9ª arte. Toda a obra encontra-se em 9 volumes nas lojas da especialidade.

12.8.09

Livros: Uma Pequena História do Mundo

Destaque para o ternurento livro Uma Pequena História do Mundo, de E. H. Gombrich, Austríaco por nascimento, Britânico por naturalização e cadáver por falecimento.



Uma Pequena História do Mundo consiste na narração factual e condensada da História do planeta Terra, desde a Pré-História até aos tempos modernos. Escrito a pensar num público infanto-juvenil, este livro consegue fugir a esses escalões etários, sendo uma leitura fresca e interessante para públicos de todas as idades. Sempre apresentando o ponto de vista do autor, para o bem (Uma Pequena História do Mundo chegou a ver a sua publicação suspensa pelos Nazis por o considerarem "demasiado pacifista") e para o mal (no capítulo final, escrito já posteriormente à edição original, o autor desculpabiliza-se por ter sido parcial em alguns capítulos, chegando mesmo a identificar os mesmos), por aqui aprendemos sobre a origem dos dias da semana, dos feitos de Alexandre, o Grande, da batalha de Maratona, da cavalaria, da Idade das Trevas e da luz que surgiu no Renascimento, até ficar tudo novamente escuro com o fumo das fábricas da Revolução Industrial, contrastando com o vermelho das guilhotinas da Revolução Francesa.


O que encanta neste livro é a capacidade de Gombrich para nos narrar os acontecimentos como um avôzinho conta uma estória de embalar aos netos, de forma divertida, descontraída, simples e acima de tudo, cativante! Para ser lido em voz alta às crianças da família!

11.8.09

Dia feliz/Dia triste

Hoje descobri que corro mais do que o meu pai.