3.6.11

Primavera Sound 2011, Parte 1 de 4

(Todas as fotos que aparecem nos meus posts relacionados com o Primavera Sound provém do site Polaco Popupmusic.pl.)

Antes de tudo, e só para tirar isto do meu sistema: O Primavera Sound, mesmo com as suas muitas e graves falhas, é o melhor Festival que tive oportunidade de usufruir. Chego mesmo a poder afirmar, convictamente e sem os exageros que me caracterizam, que o Primavera Sound 2011 valeu mais que todos os Festivais por onde passei e onde fui também muito feliz, juntos. Ao longo de 4 palavrosos posts, tentarei explicar o porquê, com as minhas palavras mas também com dedo alheio. Éramos 3 pessoas juntas no Festival, eu, o meu velho amigo Renato e o meu novo amigo Cristiano, que me dará uma ajuda fazendo a crónica de concertos que viu enquanto eu estava noutro palco e enriquecendo esta aventura por terras Catalãs. Vamos lá a isto!

24/5 - Apolo

O Primavera Sound é sem dúvida o maior e mais envolvente evento musical que pude presenciar, e é muito fácil ficar-se perdido face a quantidade abismal de oferta. Bem antes do arranque oficial do Festival, há concertos pelos bares e no metro, durante o Festival propriamente dito temos bandas a tocar em autocarros e no jardim, e por todo o lado há warm-up parties ou after-parties, fazendo com que a música toque por quase 24 horas, pelo que é muito fácil tropeçar em concertos meio sem querer.

Chegados a Barcelona, e depois de adquiridas as entradas a preço reduzido no mercado paralelo (com direito a cervejas pagas pelo vendedor, o que reduziu ainda mais o preço), descobrimos que o mesmo bilhete poderia ser trocado por pulseira logo naquele dia, na sala de espectáculos Apolo. Chegados ao Apolo, reparamos que estavam já a decorrer concertos nas duas salas do edifício, uma inesperada e agradável surpresa. Aleatoriamente, escolhemos ir para a sala principal, a tempo de apanhar a actuação de Eli "Paperboy" Reed, um cantor com muita Soul na voz, convidado para tocar as suas canções predilectas. Numa actuação forçosamente diferente do que estava planeado devido a problemas técnicos com o piano de serviço, Eli desfilou sozinho à guitarra não só composições suas mas também alguns temas especialmente Blues, com uma passagem por Bob Dylan. O final da actuação foi secundado pelos Pepper Pots, banda que actuara anteriormente e que fiquei sem saber se pertencia a Paperboy ou se Eli apenas era o seu produtor. Foi um concerto divertido.

Finalizada a actuação, tempo para admirar a beleza da sala Apolo, local de ambiente escuro, com luz vermelha, a dar um toque de calor e proximidade. Com uma excelente acústica, pena que a cerveja fosse apenas San Miguel (os bartenders bem que pediam desculpa, mas era o patrocínio do Festival, nada havia a fazer).

O segundo e último concerto que apanhámos no Apolo foi da banda Brasileira Garotas Suecas. Um concerto de Pop-Rock escorreito, que não entusiasmou muito mas deu para abanar a anca, e em português. Destaque para o guitarrista que cantou uma canção, com uma presença em palco bem mais merecedora de atenção que outros membros da banda com maior destaque, ou pelo menos foi essa a sensação que transpareceu. Gostei quando a primeira intervenção do vocalista em Inglês foi recebida com um sonoro "vá tomar no cú" por parte do público.

Após esta actuação, o Apolo fechou portas, pelo que não tive outro remédio senão pegar no Renato e irmos passear para os antros de perdição das Ramblas e do Bairro Gótico, com contrabandos vários, chamussas de batata, bares onde a única música provinha de headphones e prostitutas de rua tão chatas que nem com chapadas de mão aberta no rabo descolam! Barcelona, gente boa!

25/5 - Poble Espanyol

O nosso segundo dia de Festival também não contava para o arranque oficial, sendo exclusivo para os compradores do passe de 3 dias. Ou seja, quem comprasse o passe de 3 dias tinha direito a 5, 3 no Parc del Fòrum e 2 no Poble Espanyol, a abrir e a fechar. Bom negócio. O local em si é extremamente pitoresco, uma espécie de Espanha dos Pequeninos mas com edifícios de tamanho natural (Espanha dos Grandes?), onde todo o País se encontra arquitectónicamente representado. A praça central do Poble Espanyol serviu de palco para as primeiras edições do Primavera Sound, pelo que esta oportunidade representou um regresso às origens para muita gente.

Jà com o Cristiano a fechar o trio de ataque, hei-que outro trio abre as hostilidades musicais do dia, as Japonesas Nisennenmondai. Praticantes de Noise instrumental, estas pessoas de pequena estatura providenciaram um concerto musicalmente interessante, com um baixo pulsante, guitarra em permanente distorção e uma baterista com uma técnica invejável. Nunca vi alterações rítmicas tão doentias como aquelas. Gostei da banda, muito melhores ao vivo do que em disco (ou, por outra, audíveis ao vivo e não em disco), mas fiquei com a sensação que teriam sido mais felizes se tivessem tocado mais tarde no alinhamento.



Seguiram-se Las Robertas, outro trio, provenientes da Costa Rica e que deram concertos praticamente em todas as actividades do Primavera Sound. As duas meninas e o garoto da bateria que não devia ter mais de 16 anos tocaram Garage Rock, a fazer lembrar as bandas Portuguesas Indie dos anos 90, dos tempos da Bee Keeper. Musicalmente agradável, a banda vive muito de harmonias vocais que ao vivo ficam longe de funcionar, tal o grau de desafinação ou descoordenação vocal das garotas. Não me parece que se importassem muito com o facto.

E só para me estragar a brincadeira dos trios, o palco é tomado pelo septeto Comet Gain. Comparados amiúde com os Dexy's Midnight Runners, os Comet Gain não são tão divertidos, chegando mesmo a ser entediantes no geral. Salvaram-se 2 ou 3 músicas mais mexidas e inventivas, porque o resto do concerto constituiu uma boa desculpa para meter a conversa em dia e praticar um dos meus desportos favoritos durante o Primavera, elaborar teorias que provassem de uma vez por todas que a San Miguel era mijo disfarçado de cerveja.

Seguidamente, um clássico para todos os petizes góticos dos finais dos anos 80, Echo & The Bunnymen. Praticantes de Post-Punk (e o Primavera Sound foi muito Post-coisas), a banda veio ao Poble Espanyol na crista de uma onda de nostalgia, tocando os seus 2 primeiros albuns na íntegra, Crocodiles e Heaven Up There. Impressionou a qualidade instrumentista da banda e, sobretudo, a qualidade vocal de Ian McCulloch ao fim de tantos anos a cantar e a abusar. Echo & The Bunnymen em pleno pico de forma. No entanto, dois discos seguidos foi claro exagero. O Crocodiles ao vivo caiu-me bem e deixou-me satisfeito, o Heaven Up There, que considero inferior, aborreceu-me um pouco.




A fechar a noite, o primeiro dos muitos grandes concertos do Primavera Sound 2011, Caribou. Daniel Snaith y sus muchachos brindaram o público ávido de dança com um espectáculo baseado fortemente no recente Swim, pelo que a Electrónica foi a tónica dominante, regressando ao passado psicadélico apenas na já clássica Melody Day, recebida com muito menos calor do que esperaria ou desejaria. Com a banda a ocupar compactamente o centro do palco e um desfile de strobes e luzes psicadélicas, este foi um concerto intenso, que elevou a bitola para o que se seguiria nos dias seguintes. Toda a gente (até o staff dos bares) dançou com Odessa e o final do concerto deixou o público em histeria bailarina colectiva, com a excelente Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun Sun SUN SUN SUN!!!!!

2 comentários:

  1. hmmm... japonesas
    hmmmm... noise
    hmmm... chapadas no rabo de mão aberta
    hmmmmmmm

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  2. excelente resenha meu Carca ;) vou ficar atento para o resto dos dias... abraço!

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