5.2.10

Filmes: Pink Flamingos

Terminando esta rápida sucessão de filmes de Série-B que tinha em lista de espera, hoje trago-vos Pink Flamingos (1972), a obra choque do mestre John Waters, realizador de Cecil B. Demente e Cry Baby.

Pink Flamingos narra a história do travesti Divine e sua família: mãe atrasada-mental Edie, que vive num berço e passa o dia a chorar por ovos, filho apaixonado por galinhas Crackers e amante "lésbica" Cotton. Divine vive com esta colorida paleta de seres humanos numa roulotte, todos eles foragidos da polícia, aparentemente por serem "as pessoas mais javardas à face da terra".

(Divine, o filho e a namorada. Imaginem a mãe.)


A sua felicidade é quebrada por Connie e Raymond, um casal cujo principal negócio assenta em raptar raparigas da rua, engravidá-las, e vender os seus bebés a casais de lésbicas, revertendo os lucros das vendas para a sua rede de traficantes de heroína nas escolas primárias. Obviamente, Connie e Raymond consideram-se mais javardos que a família de Divine, e estão dispostos a tudo para prová-lo.

Um filme em cuja premissa assenta na luta pelo título de "pessoa mais javarda à face da terra" rapidamente se transforma num exercício em cinema de choque. Tudo o que de mais nojento, bizarro, contra-natura e anormal que possa ser imaginado acontecer acontece mesmo em Pink Flamingos. Temos bestialidade, crueldade animal, excrementos vários, canibalismo, nudez, mulheres com pila, sexo explícito, incesto e ainda mais desvios e taras tão estranhas e perturbadoras que nem eu as consigo catalogar. Das coisas mais bizarras que tive oportunidade de ver. E porque um bom filme de Exploitation, por raras vezes, tem o condão mágico de aterrorizar até os mais experimentados no género, numa das cenas (na festa de aniversário de Divine) dei por mim a gritar de horror, para seguidamente tentar controlar o meu vómito. Raros sãos os filmes, por mais nojentos que sejam, que arrancam de mim tal reacção.

Noutra cena, Divine e o seu filho lambem a casa dos seus rivais de uma ponta a outra. Lambem tudo, o chão, os pratos, os sofás, as paredes, a comida, os copos, as janelas. Estão uns bons 10 minutos a lamber uma casa. E depois lambem-se um ao outro.

(Lambe, meu filho, lambe! Se lamberes bem este corrimão, lambo-te o teu a seguir!)


Não existem palavras no dicionário para descrever este filme. Um exercício em mau gosto, como anunciava o poster original. Um horror! Mas um horror que aconselho vivamente! Ver para crer, mesmo! É impressionante! Qualquer fã de Série B não pode ignorar Pink Flamingos!



Nota superior para a música. O filme pode ser das coisas mais repugnantes de sempre, mas a banda sonora é bem sopimpa, de Rock and Roll do antigamente! I'm Not a Juvenile Delinquent, de Frankie Lymon & The Teenagers, merece que uma das bandas actuais lhe pegue!

1 comentário:

  1. oh darling, ri a bom rir com estas descrições:) tens um dom para a descrição de filmes B...ah convenceste-me, tenho obrigatoriamente de ver esta lista que aqui colocaste....gostei particularmente do filme passado em Torremolinos ;) bjinhos, Beluska

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