
Situado em Peniche, meio escondido nas típicas ruas do bairro de pescadores conhecido vulgarmente por "Peniche de Cima", o Bora Bora era um pequeno café igual a tantos outros, com cadeiras de plástico, matrecos, mesas de snooker e ping-pong, frequentada por senhores no ocaso da vida. Até que, já na segunda metade da década de 90, numa triste altura em que algumas das típicas tabernas fecharam na localidade, alguém (não se sabe bem quem) descobriu que nesta casa se fazia Droguinha, e bem barata por sinal! Subitamente, orfãos do Charlot, do Angola e do Manél das Escadinhas encontraram um novo lar em Peniche de Cima. E assim nasceu o culto à volta deste café.

Quem tenha visitado este estabelecimento no seu início e só agora tiver oportunidade de lá voltar, notará porventura uma diferença abismal. Os velhos continuam a frequentá-lo, claro, mas já não poderá encontrar o tecto de platex com restos de droguinha seca, as mesas de snooker e ping-pong, as inundações urinárias (mijar no caixote do lixo virou moda durante uns tempos) e as cadeiras de plástico... Agora a velha taberna é um café todo fino, com cadeirinhas bonitinhas, luzes com sensor de presença e televisão de ecrã gigante (com Tv Cabo e tudo)! Mas há algo que nunca se alterará: As bebedeiras de caixão à cova! Apesar da inflação nos preços, este continua a ser o local mais barato e aprazível para se sair em Peniche num Sábado à noite. Aprecio especialmente aquelas noites em que já são quase 4 da manhã e ainda lá está um grande grupo, munidos de violas de caixa e completamente perdidos no álcool, cantando e gritando a plenos pulmões enquanto o proprietário os tenta expulsar da tasca.

Recomendo então a bebida local, a supra-citada droguinha (não vou dizer em que consiste, mas posso adiantar que é vendida num jarro a dizer liter) e o traçado (vinho rosé com gasosa). Caso não alinhe muito com vinho, poderá sempre pedir um whiskey, cerveja de litro ou mesmo vodkas e shots! Há de tudo! Bom e barato! O Bora Bora não vem nas brochuras turísticas, portanto, na eventualidade de visitarem Peniche, perguntem a alguém entre os 18 e os 35!