29.3.10

Filmes ao quilo!

Depois um mês de intensa mudança e confusão, onde mudei duas vezes de cidade, 2 vezes de emprego, vivi na casa mais surreal de todos os tempos, enterrei a minha cabeça em livros técnicos e aprendi que Portugal vai acabar e vamos todos sobreviver à custa de sopas de cabeça de peixe durante pelo menos 5 anos porque não há dinheiro (lá se vai o meu vegetarianismo), não tive oportunidade de actualizar o meu blog como prometido. No entanto, algo me acalentou durante este período conturbado; vi imensos filmes antes de ir fazer o óó, graças a um brilhante disco externo multimédia, essa espectacular invenção que nos permite ver e ouvir ficheiros numa TV, à distância de um clique do telecomando. E assim sendo, como forma de compensar um mês de abstinência bloguística, resolvi fazer uma pequena resenha de tudo o que tive oportunidade de visionar (todos os 25; a insónia é amiga do stress e do late-night movie), num mega-post à bruta daqueles que eu gosto!

Este post é dedicado na sua totalidade à Anisabel, que gosta muito do meu blog e a quem prometi dedicar a próxima coisa que escrevesse. Toma lá!

Os Série-B

Death Racers (2008)

Existe um género cinematográfico dentro da série-B que eu gosto de apelidar como "Filme Sanguessuga" ou "Versão-das-lojas-do-chinês". Um filme sanguessuga é algo que tenta apanhar boleia de outras películas mais bem sucedidas para justificar a sua existência, na esperança que alguém o compre ou alugue por engano. O público alvo destes filmes são velhotas que vão ao clube de vídeo para alugar o "2012" e acabam por trazer o "2012: Supernova" porque os seus cérebros cansados não conseguem distinguir qual deles é qual, broncos que vêm um monte de robots numa capa e pensam que estão a comprar o "Terminator Salvation" quando na verdade estão a levar para casa a imitação barata "Terminators", e parvos como eu que gostam de ver porcaria.

Death Racers é a versão-das-lojas-do-chinês de Death Race, que por sua vez é remake do excelente Death Race 2000 de 1971 featuring Sylvester Stallone pré-Rocky e pós-actor pornográfico, e David Carradine pós-Kung Fu e pré Acidente masturbatório embaraçoso que resulta em morte idiota.

Presta? A história é igual à dos outros dois filmes: vários ccondutores automobilistas estereotipados percorrem os Estados Unidos numa corrida televisionada na qual ganham pontos por cada pessoa que atropelam. Quem chegar à pontuação desejada ou matar o chefe dos maus, ganha. Com um orçamento ridiculamente baixo, os "actores" limitam-se a andar às voltas sempre no mesmo descampado a atropelar sempre as mesmas pessoas e a dizerem sempre as mesmas piadas. Morte originais e gore nem vê-las. Cabeças decapidadas são eliminadas com um efeito do Windows Movie Maker. Este lixo conta com os dois palhaços de uma das bandas mais merdosas de todos os tempos, os Insane Clown Posse, nos papéis principais. E são tão maus actores como cantores. Portanto, não, não presta!


Vampyros Lesbos (1971)

Vampyros Lesbos é um filme de Terror Erótico. Uma condessa trabalha numa casa de strip, onde seduz várias mulheres, das quais se alimenta. Tudo corre bem até encontrar uma advogada loira sensual, por quem se apaixona. O filme consiste em mulheres nuas a dançar como o Austin Powers e a morderem os pescoços umas às outras. Não passa disso.

Presta? Mais ou menos. Como filme é uma nulidade, mas está bem realizado, com as cores vibrantes próprias da época e uma banda sonora porreira. É um bom filme para estar a passar num ecrã de uma exposição surrealista, por exemplo.


Zebraman (2008)

Um Japonês e fã de Super-Heróis, e resolve sair à rua vestido de Zebra e combater o crime, para que a sua filha se orgulhe no pai que tem. Gente estranha.

Presta? Desilude. Estava à espera de um filme ridículo com Super-heróis vestidos de Zebra a fazerem palhaçadas, não de um drama sobre um homem patético e a sua família disfuncional. E é daqueles que nunca mais acabam. Não presta.


Os Independentes

Gonzo: The Life and Work of Dr Hunter S. Thompson (2006)

Como o próprio título indica, este é um documentário sobre uma das maiores personagens da literatura Norte-Americana, recorrendo a entrevistas com entes queridos, filmagens de arquivo e excertos da obra do inventor do jornalismo Gonzo, narradas por Johnny Depp.

Presta? É delicioso para os fãs do senhor, duvido que tenha muito interesse para quem nunca investiu o seu tempo nos livros de Thompson ou tenha visto a adaptação ao cinema da sua obra mais conhecida Fear and Loathing in Las Vegas menos de 10 vezes.


The Doom Generation (1995)

Um jovem casal de delinquentes dão boleia a um rebelde sexualmente ambíguo. Pelo caminho vão assassinando pessoas meio "sem querer", e acabam todos enrolados uns com os outros.

Presta? Rose McGowan é uma péssima actriz. Este é o seu segundo filme e dá para ver que em 15 anos não evoluiu um milímetro da sua técnica. Mas foi para a cama com Marylin Manson e Robert Rodriguez e hoje entra em filmes como o épico Planet Terror (pelo qual possuo imenso carinho). The Doom Generation não é mau de todo, mas o acting de McGowan e seus pares desilude.


Spun (2002)

Um drug-movie com um elenco porreiro (Jason Schwartzman, Mickey Rourke, John Leguizamo, Mena Suvari, Eric Roberts, Brittany Murphy, Debbie Harry). Um carocho nervosinho torna-se no moço de recados de um cozinheiro de metanfetaminas, e passa o filme sempre de um lado para o outro em missões estapafúrdias enquanto se esquece que tem uma prostituta amarrada à sua cama durante dias a fio. Filme bem conseguido, com um ritmo frenético.

Presta? Sim, apesar da banda sonora de Billy Corgan.


Stranger Than Fiction (2006)

Will Ferrell é Harold Crick, um auditor do IRS chato e sem pingo de interesse. No entanto, a sua vida está prestes a dar uma grande reviravolta. Só que o Crick entretanto apercebe-se que o agente de mudança na sua vida não é o acaso, mas sim a ficção; o auditor é uma personagem de um romance e a sua vida está predestinada nas suas páginas.

Presta? Sim, apesar de Will Ferrell no papel principal.




Waitress (2006)

Uma empregada de balcão com um jeitinho especial para criar tartes engravida do seu marido abusivo, e acaba por se envolver com o médico que acompanha a sua gestação.

Presta? A história não é extraordinária, mas o filme vê-se bem.








Waltz With Bashir (2008)

Em 1982, Israel envolveu-se num conflito armado com o Líbano. Ari Folman, o realizador deste filme, era um soldado das forças Israelitas. No entanto, as suas memórias desse tempo foram reprimidas. Num esforço para as recuperar, Folman visita os seus camaradas de armas e recolhe os seus testemunhos.

Presta? Presta. Waltz With Bashir é um documentário diferente. À recolha audio juntou-se animação, resultando num poderoso exercício sobre a guerra e as atrocidades cometidas em nome da religião. Altamente recomendável.


Os Coreanos

Como só conhecia o Oldboy, resolvi explorar os restantes filmes que constituem a "Trilogia da Vingança" de Pak Cha-Wook, cuja ligação é a temática e os actores que se revezam nos papéis de heróis e vilões nos diferentes episódios.

Sympathy For Mr Vengeance (2002)

Um Coreano Surdo-Mudo rapta a filha de um industrial a fim de obter um resgate e assim salvar a vida da sua irmã, que sofre de insuficiência renal. Ao longo do filme, várias histórias de vingança vão-se cruzando, num crescendo de violência que não tem como acabar em bem.

Presta? Dos 3 filmes, é o único que se aproxima mais da estética do cinema Europeu, com um ritmo pausado e planos abertos. Tem algumas reviravoltas no argumento, mas nada que se compare a Oldboy. É muito bom.


Oldboy (2003)

Um indivíduo é raptado e colocado num quarto contra a sua vontade, durante 15 anos, sem qualquer explicação ou contacto com outros seres humanos. Quando finalmente é libertado, procura encontrar a razão do seu encarceramento.

Presta? Oldboy é um dos meus filmes preferidos, mas já não o revia há alguns anos. Esta é a suprema história de vingança, cheia de violência física mas sobretudo psicológica, um enredo intrincado e um desfecho que apanha qualquer um desprevenido. "Ri e o Mundo ri contigo, chora e chorarás sozinho". A cena final causa impacto.


Sympathy For Lady Vengeance (2005)

O terceiro da trilogia conta a história de uma mulher encarcerada por um crime que não cometeu, e os preparativos para consumar a vingança contra o homem que destruiu a sua vida.

Presta? O desfecho é o mais previsível dos 3, mas a inteligente utilização de cores (vivas e garridas no início, gradualmente mais neutras até quase ao preto-e-branco no final) ao longo da narrativa elevam a qualidade deste filme. Presta.

Os Musicais


A Hard Day's Night (1964)

O primeiro filme dos Beatles, lançado em Portugal com o ridículo título "Os Quatro Cabeleiras do Após-Calipso", é um desvario tontinho. Os Beatles correm, as meninas correm atrás deles, os Beatles disfarçam-se, as meninas perdem-nos. O avô do Paul McCartney é um chato, mas muito limpinho, John Lennon é o terror dos empresários musicais e produtores de televisão, George Harrison conhece a sua futura mulher Pattie Boyd e Ringo Starr é o melhor actor do filme. Pelo meio há música da fase Beatlemania.

Presta? Sim, especialmente as partes de Ringo que são uma delícia!


End of the Century - The Story of the Ramones (2003)

A história dos "irmãos" Ramones, narrada pelos próprios. A banda Punk com a dinâmica de grupo mais disfuncional de sempre, com um guitarrista de ideiais próximos da extrema direita que obriga todos os seus pares a vestirem-se quase de igual, o vocalista obsessivo-compulsivo de ideiais próximos da extrema esquerda e um coração de ouro, o baixista agarrado que depois de sair da banda vende as suas canções de volta para suportar o vício, e os vários bateristas que por ali passaram, incluindo o original que se fartou de os aturar mas nunca se foi embora, ficando para produzir praticamente os discos todos. We're a happy family, we're a happy family, we're a happy family...

Presta? É um grande documentário de Punk e acima de tudo, de música.


Hype! (1996)

O documentário sobre o Grunge e a cena de Seattle, desde a fase embrionária ao dia em que Kurt Cobain rebentou com a caixa da mioleira. Pelo meio temos algumas bandas conhecidas, muitas outras completamente Underground, o advento da Sub-Pop, e as camisas de flanela barata usadas pelos lenhadores do estado de Washington a serem vendidas pelo quíntuplo do preço (quem viveu esta época tinha uma, confessem lá!).

Presta? É um documento de uma era que já terminou e que não voltará mais, para o bem e para o mal. À distância de quase 15 anos, é engraçado ver que as bandas que mais me agradam actualmente em Hype! não me diziam nada na altura, e vice-versa. Presta.


As comédias parvas

Accepted (2006)

Um adolescente, depois de lhe ter sido negada a entrada em todas as Universidades, decide criar a sua. A ideia, que tinha tudo para falhar, resulta, e é ver gente a licenciar-se legalmente em "Skate em Half-Pipe", "Rebentar coisas com o poder da mente" e a minha licenciatura favorita "Olhar para miúdas giras". Lewis Black rouba todas as cenas em que entra.

Presta? Não, mas eu gosto.




Half Baked
(1998)

Half Baked é um filme sobre um grupo de amigos que resolvem vender uma erva especial para conseguirem libertar um amigo da prisão. Os actores são divertidos mas ficam aquém do seu potencial, especialmente Dave Chapelle.

Presta? Prestava quando era puto estúpido, agora já não presta. Irrita-me o facto de serem 3 amigos mas só aparecerem 2 na capa, sendo que a personagem mais bem conseguida do trio ficou de fora. Mas o melhor do filme são mesmos os cameos de Willie Nelson, Snoop Dogg e Jon Stewart.


Joe Dirt (2001)

A miserável história de um gajo que nasceu sem parte do crâneo, que conversa com uma bola de merda julgando ser um meteorito e passa a vida em empregos como lutador de crocodilos ou varredor.

Presta? Prestava quando era puto estúpido, agora é de fugir.







Pootie Tang (2001)

Pootie Tang é o maior e consegue ter as mulheres que quer e uma carreira discográfica só ofuscada pela de actor e um cinto com o qual castiga os mauzões e toda a gente quer ser como ele e andar com ele e pagar-lhe bebidas e ser seu amigo. O filme não é baseado na vida de George Clooney.

Presta? Prestava quando era puto estúpido, agora que sei o que é Blackxploitation e compreendo tudo aquilo que o filme parodia, presta ainda mais!


Wedding Crashers
(2005)

Dois fura-casamentos fazem do seu hobby uma arte, comendo, bebendo, dançando e "fazendo amor" de borla, até que um deles se apaixona e as coisas começam a correr para o torto entre os amigos.

Presta?
Dentro do género não está mal.






Os armados em bons

A Serious Man (2009)

É o último dos irmãos Cohen e fala sobre um gajo que é Judeu e xenófobo, e que tem azar na vida. Boo-fucking-hoo.

Presta? Eu cá não gostei.












The Prestige
(2006)

Batman e Wolverine competem ferozmente ao longo da vida pelo título de maior ilusionista de todos os tempos. Pelo meio aparece Ziggy Stardust com bigode.

Presta? Sim, achei este filme fascinante. O filme e os decotes da Scarlett Johansson.







Up in the Air (2009)

Up in the Air fala sobre a vida de um orador motivacional cuja ocupação profissional consiste em despedir pessoas em grandes empresas. Um filme actual que nos coloca a pensar sobre a crise económica que assola o Mundo, o peso das relações familiares e afectivas nas nossas vidas e de como tudo é relativo, desde que se saiba para onde se vai e se faça o que se quer mesmo fazer. George Clooney podia ter ganho o Óscar para melhor actor mas contra o Dude ninguém tem hipótese.

Presta? É o melhor filme que vi o mês inteiro.


Where The Wild Things Are (2009)

Max foge de casa e encontra uma ilha habitada por monstros, cada um com o seu trauma e pancada especial. Nessa ilha, os monstros fazem de Max seu rei. All is love.

Presta? Não sabia bem o que esperar deste filme, mas tinha expectativas muito altas. Desiludiu um bocadinho. As personalidades dos monstros podiam ter sido aprofundadas. A banda sonora, de Karen O, é excelente!


A minha dose mensal de Woody Allen

What's Up Tiger Lily (1966)

Este é o primeiro filme realizado por mestre Woody Allen. Pegando em dois filmes de espionagem Japoneses, Allen muda a ordem das cenas, altera o contexto e dobra o filme, transformando dois violentos filmes de acção numa hilariante comédia sobre a procura da melhor salada de ovo do Mundo. O resultado é de ir às lágrimas.

Presta? Poucas comédias possuem o condão de me arrancar uma gargalhada. What's Up Tiger Lily arrancou-me imensas. Woody Allen no seu melhor.