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24.5.11

Discos: Norton - Layers of Love United

Falemos agora do último disco que comprei. O mais recente dos 3 terços Albicastrenses-1 terço Caldenses Norton, baptizado Layers of Love United.



Gosto muito dos Norton, sempre gostei, por uma característica que faz deles muito especiais: a sua persistência. A banda já passou por muitas provas de fogo, desde mudanças de alinhamento e vocalista a alterações na sonoridade, não esquecendo o trágico e infeliz falecimento do talentoso guitarrista Carlos Nunes. E no entanto, voltam sempre, frescos, felizes, com vontade de agarrar o futuro que se deseja brilhante.

Layers of Love United, o terceiro album, nada para fora das praias electrónicas dos discos anteriores (mas sem perder totalmente o pé) e aproxima-se do terreno da Pop independente, construída à volta de guitarras luminosas e canções reconfortantes, que impelem a dançar, sozinhos no quarto com a nossa guitarra imaginária ou com queridos amigos sempre que apeteça, não interessa onde. São nove faixas, e todas elas nos fazem desejar que o Verão dos Norton nunca termine. É-me muito difícil destacar alguma canção, tal a coesão resultante do trabalho. As minhas preferidas são Into The Lights pela beleza dos arranjos de guitarra, e Layers, faixa que encerra o disco com um refrão que nos fica na cabeça e só desaparece até fazermos o gosto ao dedo e pressionarmos PLAY de novo, voltando ao inicio, o single de apresentação Two Points, que anda colado nas rádios nacionais (aqui em versão acústica).



Layers é um disco curto, mas bonito, um salto para a frente em relação aos seus antecessores. Se gostam de Two Points, comprem este disco, não ficarão desiludidos! A menina da capa aparece mais vezes no booklet, e vai ficar triste se não lhe ligarem nenhuma.

23.5.11

Discos: Toundra - (II)

Só um postzito para não deixar o blog a definhar ad eternum com um post lamechas. Gostam de música de inspiração oriental? Gostam de Post-Rock? Gostam de misturar azeite no leite? Então vão adorar os Toundra!



Os Toundra são Espanhóis, de Madrid, e parte dos seus executantes já se conheciam de uma outra banda, os finados Nacen de las Cenizas. Como banda Espanhola que é, possui à partida uma enorme virtude: os seus elementos não cantam, a música é totalmente instrumental.

Sonoramente, os Toundra estão perto de uns Mogwai, mas mais pesados, algures entre o Post-Rock e o Post-Metal. As músicas são densas e de execução perfeita, com especial destaque para o talento que se senta no banco da bateria. Algumas músicas do segundo disco, (II), são de forte inspiração Arábica/Norte-Africana, como nos primeiros instantes da faixa de abertura do disco, Tchod, e em Völand, que não destoaria numa compilação de World Music ao lado de uns Tinariwen ou de Ali-Farka Touré. Mas são as composições densas, saturadas de guitarra, que mais entusiasmam. Duas faixas em particular, por sinal as maiores do disco, que o Post-Rock quer-se longo para dar tempo para se soltarem os cordelinhos que nos atam a garganta. Os 11 minutos de Mangreb agarram-nos, mas são os 8 minutos de Bizancio a finalizar o disco que elevam (II) e consequentemente os Toundra à categoria de banda-a-não-perder já daqui por uns dias, no Primavera Sound.



Este disco e o de estreia estão por aí na net. Procurem que o exercício só vos faz bem. O nome da banda e a palavra mediafire no campo de procura do Google fazem maravilhas. Este blog é de um pirata, mas não é de pirataria.

28.12.10

2010 em revista, parte primeira: música

Como besta preguiçosa que assumo ser, apresento nesta semana, e já com 2011 a avistar-se lá ao fundo, algumas das coisas que devia ter colocado oportunamente no Contraculturalmente mas que fui deixando para amanhã. Lamento por isso, mas, lá está, mais vale assim tudo à bruta do que nada no regaço. Hoje falo de música.


Disco Português de 2010: Nuno Prata - Deve Haver



Temi que um disco como Deve Haver nunca tivesse oportunidade de nascer. E é um alívio ver Nuno Prata de regresso, com vontade redobrada de fazer música. E novamente acompanhado pelo inventivo músico Nico Tricot. O seu segundo disco fica a ganhar em relação à não menos magnífica estreia por ser mais conciso, mais directo. São onze originais e ainda temos direito a uma versão em Português da Used To Be dos Violent Femmes. As letras, honestas como sempre, estão menos zangadas e mais ácidas, até mesmo divertidas. E o trovador goza agora de algum reconhecimento, o qual esperemos que aproveite bem, que sacuda a timidez que lhe ata os joelhos e, já agora, que dê alguns concertos abaixo do Mondego.

Destaque para Como Foi?, Refrão-Canção, Essa Dor Não Existe e sobretudo para Um Dia Não São Dias Não.

Menções honrosas: A Last Day on Earth - Between Mirrors and Portraits, B Fachada - Há Festa na Mouraria, PAUS - É uma Água, Deolinda - Dois Selos e Um Carimbo, Orelha Negra - Orelha Negra, Corações de Atum - Romance/Hardcore, Linda Martini - Casa Ocupada, Lula Pena - Troubadour


Disco Estrangeiro de 2010: Deerhunter - Halcyon Digest



2010 foi um ano muito forte em singles, em canções orelhudas que marcaram a época. Mas no que de albuns foi lançado, ficou um pouco aquém. Posto isto, destaco o disco de Deerhunter porque foi aquele em que encontrei mais coesão como album e não apenas como aglomerado de canções sem ligação. E porque já estava na hora de dar destaque ao menino Bradford J. Cox! O rapaz é genial, além de editar com os Deerhunter ainda lança regularmente discos sob a designação Atlas Sound, passando literalmente a vida a oferecer canções no seu blog e a fazer compilações para os amigos! É cá dos meus!

Quanto ao disco, não consigo bem encaixar isto em nenhuma convenção musical pré-estabelecida. Não é bem shoegaze, não é bem Pop, não é bem Rock, não é bem psicadélico. É tudo isto mas não é nada disto. É calmo, é estranho, é bonito, é muito bom. E será continuamente ignorado, tal como o disco anterior o fora. Gerações vindouras irão pegar em Deerhunter de dar-lhes o devido reconhecimento que agora lhes vai faltando. Enquanto isso não acontece, Bradford continuará seguramente a lançar grandes discos pela calada. Destaque para Helicopter, Revival e sobretudo Desire Lines.

Menções honrosas: Arcade Fire - The Suburbs, Beach House - Teen Dream, MGMT - Congratulations, Crystal Castles - Crystal Castles II, Best Coast - Crazy For You, Los Campesinos! - Romance is Boring, Sufjan Stevens - The Age of Adz, Jónsi - Go, Girl Talk - All Day, Belle and Sebastian - Write About Love, Teenage Fanclub - Shadows, She & Him - Volume Two


O fim dos Da Weasel



Os Da Weasel acabaram, e eu não me importei nada com isso. A bem da verdade, devo dizer que tenho o CD do Dou-lhe com a Alma e tive o 3º Capítulo mas emprestadei-o a alguém e esqueci-me a quem. Era fã e gostava da atitude e das letras. Curtia da frontalidade do Pacman, da cena de ser ex-carocho, com Hepatite C, a falar de todos os assuntos com frontalidade, na primeira pessoa. Depois Armando Teixeira saiu da banda (e lembro-me de ele dizer na altura que os Da Weasel não tinham futuro) e o grupo mudou radicalmente, as músicas já não eram muito inventivas, as letras eram mais Pop. Fui-me desinteressando mas sempre que podia via-os ao vivo, era aliás muito difícil não os ver, pois tocavam em todas as semanas académicas durante o meu período estudantil. Acho mesmo que é a banda que mais vezes vi. Depois o vocalista começou a aparecer em jingles para anúncios de coisas que condenava nas letras, e a fazer músicas como aquele lixo da nina e a porcaria do uhuh-da-da-faz-faz-bebé e os discos foram-se banalizando ao ponto de não terem qualquer motivo de interesse. Ou seja, os Da Weasel passaram a existir pura e simplesmente como veículo fazedor e receptor de dinheiro. Depois veio a fase dos anedóticos projectos paralelos (o do Virgul então, Jasus Sinhori, e ganha prémios MTV, aquilo) e agora chegou o fim, em boa hora. Não vale a pena continuar a chicotear um cavalo quando o mesmo já cheira a podre. Armando Teixeira tinha razão, a banda Da Weasel terminou com o 3º Capítulo, a partir daí nasceu a máquina corporativa Da Weasel. É tudo.


O Não-concerto de 2010: Arcade Fire



Antes de falar do não-concerto de Arcade Fire, gostaria de também de me pronunciar sobre outro não-concerto, o de Phoenix, sintomático do que ainda estava para vir. Os Franceses vinham ao Optimus Alive!, depois foram cancelados mas a banda foi a última a saber, depois o regresso ficou prometido ainda para 2010. O ano termina para a semana e não vejo nenhum concerto anunciado... Menos 10 pontos para a credibilidade de Álvaro Covões.

Quanto a Arcade Fire, foi aquilo a que a minha avó apelida de uma pouca-vergonha. O concerto foi marcado, e com conhecimento prévio por parte da organização, na mesma semana em que a NATO veio a Portugal inventar mais umas guerras. Depois, Covões bate o pé e sai-se com o argumento "eu vi primeiro, daqui não saio daqui ninguém me tira". Depois as autoridades garantem que o concerto não se realizará. Depois Covões reforça a venda dos bilhetes. Depois o governo cancela o concerto por escrito, mas pelos vistos isso não chega para o patrão da Everything is New. Depois a banda mostra-se disponível para mudar a data do concerto. Depois Covões diz que não, e que só cancela se for indemnizado, e continua a vender bilhetes, estando a lotação do Pavilhão Atlãntico próxima de esgotar. Depois teve de ser o próprio manager da banda a dar a notícia do cancelamento.

Era tão, tão, tão, tão, tão bem-feita se os Arcade Fire viessem ao Super Bock Super Rock em 2011...


Música de 2010



Mas afinal já apanharam o gajo ou ainda anda a monte?


Música (decente) de 2010



Os Crystal Castles baixaram a guarda na sua progressiva destruição musical e fizeram uma grande cover duns chatos do Hair-Metal dos anos 80, com o timoneiro dos The Cure. E a versão sem Robert Smith também não está nada má.


Maior injustiça de 2010 e de muitos anos vindouros



Lhasa de Sela, 1972-2010. O Mundo da música empobreceu tanto...

19.11.10

Discos: Girl Talk - All Day

Fresquinho, fresquinho: All Day, do mestre do Mash-Up e paladino da música livre, Girl Talk.




Girl Talk é um DJ Norte-Americano especializado num estilo musical que se chamou em tempos Bastard Pop e que actualmente dá pelo nome de Mashup. Este estilo musical consiste em misturar duas (ou mais) músicas sobejamente populares com o intuito de criar uma totalmente nova. Na fase embrionária do mashup, normalmente juntava-se a faixa vocal de uma canção ao instrumental de outra, mas hoje em dia utilizam-se tantos samples em cada faixa que por vezes torna difícil identificar a base musical. Actualmente este é um estilo legítimo com imensos seguidores, mas na sua génese fora bastante perseguido, uma vez que os artistas samplados nunca viram qualquer compensação pela utilização da sua música, dando origem a uma guerra entre o capitalismo da indústria discográfica e os DJs, com Girl Talk na linha da frente.

O que distingue Girl Talk de seus pares é o vastíssimo conhecimento musical, que lhe permite criar canções radicalmente diferentes utilizando apenas retalhos, dos obscuros aos automaticamente reconhecíveis. Basta ver a listagem de samples utilizados apenas no disco novo para se ficar com uma ideia da misturada sonora. Há quilos de Hip-Hop, Black Sabbath, M.I.A., Janes Addiction, Ramones e The Doors, e isto é apenas a primeira faixa de All Day. Mais à frente temos Portishead, Beck, Gloria Estefan, Daft Punk, Radiohead, Iggy Pop, Jackson 5, etc, etc,etc, etc. Impressiona especialmente quando se sabe que o DJ mistura tudo isto ao vivo, sem recorrer a faixas pré-gravadas. E só com dois braços.

O disco pode ser descarregado aqui. Caso os servidores estejam cheios, o site apresenta dezenas de alternativas para que ninguém fique privado desta pérola. De salientar que a restante discografia do artista está também disponível para descarga na página da Illegal Art. Bem vindos à festa de final de ano!

7.7.10

Discos: Jónsi - Go

Eu ando completamente a dormir em termos musicais este ano. Tenho visto muitos concertos e tenciono ver muitos mais, mas no que diz respeito às edições de 2010, não tenho prestado grande atenção. Mas nunca é tarde para se escutar boa música, como é o caso do luminoso Go, do Islandês Jónsi.



Go é alegria pura, a continuação do início da festa que despontara em Með suð í eyrum við spilum endalaust, o último disco dos outrora soturnos Sigur Rós, dos quais Jónsi é vocalista. Nunca se afastando totalmente da sonoridade da banda-mãe (a própria voz de Jónsi não o permite), o disco traça o seu próprio caminho, e aquilo que originalmente seria um registo acústico e intimista torna-se numa vibrante celebração da vida! De lado ficou a guitarra e o arco, mas os arranjos vocais, as secções de cordas e a electrónica garantem um preenchimento obscenamente grandioso a todo o disco.

Cantado quase na totalidade em Inglês, bem que podia ser cantado em Islandês ou Volenska que o efeito seria o mesmo. Jónsi deve ter o pior sotaque da história da música moderna, pois não consigo perceber uma palavra que seja do que canta! Mas, tal como nos Sigur Rós, é a entrega que imprime emoção à música. Canções como Go Do, Boy Lilikoi e Around Us não precisam de letra para se perceber a euforia com que são cantadas!

Go é um disco bonito, luminoso, alegre. O Verão instalou-se finalmente com este disco! Para ouvir no repeat e ser-se feliz.

5.7.10

Discos: Coolrunnings - Babes Forever

Alturas há em que olhamos para a capa de um disco e sentimos que vamos gostar imenso dele. São alturas raras, é certo, mas há capas tão espectaculares que se torna uma tarefa árdua não escutar o que está para lá da montra.

Atentem a capa do EP Babes Forever, dos Coolrunnings.



Reparem: skate, suor, calor, Verão, maminhas, púbis, manobras radicais, babes, babes, babes! É uma fotografia espectacular e por si só merece este destaque no Contraculturalmente.

Quanto ao EP em si, é quase tão bom como a capa! São 6 temas curtinhos, algures entre o Surf Rock e o Afro-Beat com muito sintetizador à mistura. Dão vontade de ir para a praia ou, à falta de melhor, para ir namorar para o muro do vizinho e fumar canhões debaixo da torreira do Sol e passar o dia a fazer o belo do nada. Babes Forever é Verão adolescente concentrado!

Há para mim dois temas que se destacam do colectivo: Trippin' Balls at Der Wienerschnitzel, pela energia dopada que transmite, e Better Things, um Senhor tema a trazer à memória o melhor que os MGMT têm feito. Sem dúvida, uma banda a ter em conta no futuro.

Babes Forever está disponível À PALA no site da banda, aqui. Aproveito a embalagem e destaco também o EP Buffalo, também disponível para download grátis (neste caso aqui, que apesar de ser a mesma palavra de à pouco é um aqui diferente).

15.1.10

Os meus discos preferidos da década 00-09, parte quarta

Este post é grande. Se achas que deves atacar o cavaleiro sem cabeça, lança os dados. Se te calhar entre 1 a 3 salta para a página 39. Se te calhar entre 4 e 6 vai para a página 195. Se preferes evitar o cavaleiro sem cabeça, esconde-te na página 15.



76- Sonic Youth - Rather Ripped (2006)

A Wikipédia diz que é: Rock Alternativo (qual é a diferença entre alternativo e independente? Alternativo é anos 90, Independente é anos 00. Anómalo será a palavra para os anos 10, seguindo a tendência)

2006 foi um grande ano para os Sonic Youth, que viram chegar às lojas a compilação de raridades The Destroyed Room e também o maravilhoso Rather Ripped, cheio de boas malhas de Rock, coesas, distorcidas sem cair no exagero, o disco mais Pop de uma gigantesca e respeitável carreira sem fim à vista. Rather Ripped marca 25 anos de carreira e no entanto soa tão fresco. Destaque para as canções cantadas por Kim Gordon, que soam mais frescas do que as não cantadas por Kim Gordon.

Faixa Preferida: Reena



77- Peter Bjorn and John - Writer's Block (2006)

A Wikipédia diz que é: Indie Pop

Young Folks esteve em todo o lado em 2006, mas Writer's Block não é só a música do assobio. Tem momentos épicos (Objects of My Affection), tem momentos sinceramente românticos (Paris 2004), tem urgência frenética (Up Against The Wall), tem indolência ao sol (Poor Cow), tem sensualidade (The Chills). Tem tudo para merecer a atenção que lhe fora dedicada, e a que não foi por causa de uma música que fez "um bocadinho de sucesso a mais" (Indies snobs filhos da puta!). Delicioso de ponta a ponta. Disco Pop perfeito.

Faixa Preferida: The Chills



78- The Decemberists - The Crane Wife (2006)

A Wikipédia diz que é: Folk Rock


"O som de The Crane Wife é rico e polido. Há muito orgão e acordeão, levando o ouvinte a sonhar em pegar numa lança e cavalgar pelas planícies alentejanas à procura de moinhos de vento para combater. Existem neste album verdadeiras óperas épicas, com duração superior a 10 minutos (The Island e The Crane Wife 1 & 2). Para os mais habituados a músicas mais curtas e regulares, neste disco também se encontram pérolas como Yankee Bayonet (dueto com Laura Veirs), O Valencia! e a luminosa Sons & Daughters." Post original aqui.

Faixa Preferida: Shankill Butchers



79- Cold War Kids - Robbers & Cowards (2006)

A Wikipédia diz que é: Indie Rock

"Os Norte-Americanos Cold War Kids praticam, com o seu baixo pesado, piano desafinado, guitarra fora de tempo, muita bateria e percussão e uma voz que faz a espaços recordar Jeff Buckley, um tipo de música estranhamente viciante e orelhuda, quente e desconfortável ao mesmo tempo. A sua sonoridade é uma montanha russa musical e emocional, que nos eleva calmamente para depois nos descarregar sem travões pela encosta abaixo, atirando-nos enérgica e violentamente para a lama para nos lavar com um jacto de pressão logo de seguida." Post original aqui.

Faixa Preferida: Actualmente é a Robbers



80- Tsui - Half Man Army (2007)

A Wikipédia: não conhece.

"Os Tsui são na verdade o projecto a solo de Mark Kraus, songwriter de Brooklin, que já nos idos de 2007 resolveu editar o seu Half Man Army gratuitamente pelo seu site. E, passados dois anos, eu pergunto-me, como é que mais pessoas não conhecem este trabalho? Half Man Army é o trabalho de um homem-banda, simples, bem composto sonoramente, frágil nas vocalizações mas apaixonado na entrega." Post original aqui.

Faixa Preferida: Shorthand



81- Julie Doiron - Woke Myself Up (2007)

A Wikipédia diz que é: Indie Rock

Mais do que pela sua escrita, fragilidade da sua guitarra dedilhada e simplicidade das canções, gosto da Julie Doiron pela fragilidade da sua peculiar voz, que se encaixa como uma luva em todos os registos que percorre, desde canções mais Rockeiras até ao em formato baladeiro que levou muitos a considerarem esta Canadiana como o Elliott Smith no feminino e este Woke Myself Up como um dos albuns do ano de 2007 no país de origem, e esta resenha tem cinco vírgulas mas nenhum ponto final excepto este.

Faixa Preferida: Me and My Friend



82- Panda Bear - Person Pitch (2007)

A Wikipédia diz que é: Pop Psicadélico

Por mais que tente não consigo encontrar palavras que consigam sequer chegar perto para fazerem justiça àquele que considero o melhor disco da década. Adoro Person Pitch. Adoro-o ao ponto de ir descobrir as músicas originais cujos samples servem de base a composições como Bros e Take Pills e ficar a gostar ainda mais do esforço de Panda Bear em transformar em ouro tanto azeite... Isto é do melhor que se fez em música experimental de que tenho conhecimento. Existe inspiração nos Beach Boys mas com tantas camadas de estalinhos e guitarras e palmas e vozes sobre vozes sobre vozes sobre vozes... Um lindo trabalho de colagem e apropriação, tanto musicalmente como no trabalho gráfico (e as capas dos singles deste album são ainda melhores). Mágico!

Faixa Preferida: Bros. Escutar esta música com atenção pode ser uma experiência extra-sensorial.



83- Bishop Allen - The Broken String (2007)

A Wikipédia diz que é: Indie Rock

Os Bishop Allen são uma banda discreta, com empregos normais que de noite se dedicam ao Rock. Os seus discos são excelentes, mas esta não é gente que alinhe em sessões fotográficas nem que se preocupe muito em ficar conhecidos. Uma falta de ambição que lhes é extremamente prejudicial. The Broken String é excelente e deveria ter mais gente a deliciar-se com melodias de apelo Pop como Like Castanets ou Click, Click, Click, mais corações despedaçados a carpir as mágoas com Butterfly Nets, mais malta gira a abanar a anca com Rain. Gosto verdadeiramente deste disco!

Faixa Preferida: Like Castanets



84- Caribou - Andorra (2007)

A Wikipédia diz que é: Electrónica

Caribou é o nome artístico de Daniel Snaith, doutorado em Matemáticas e músico experimental com edições que datam de 2000. Andorra é o seu disco de aclamação. É electrónica com estrutura de canção convencional (letra-refrão-letra-coros psicadélicos-refrão), a fazer lembrar a Pop do antigamente mas ao mesmo tempo ligado com o música do futuro que há-de vir amanhã. Certo que há por aqui percussões e vozes às camadas misturado com samples congelados no repeat e vocalizações abafadas pelo eco, mas Pop é Pop! Vencedor dos prémios da indústria Canadiana Polaris Music.

Faixa Preferida: Melody Day deixa a impressão mais duradoura.



85- MGMT - Oracular Spectacular (2007)

A Wikipédia diz que é: Neo-Psicadélico

Eles querem casar com modelos, dar no cavalo e na coca, foder com as estrelas e fazer dinheiro. Viver rápido e morrer depressa. O manifesto encontra-se em Time to Pretend, a faixa de abertura de Oracular Spectacular. Os MGMT são maluquinhos, porém sinceros na sua maluquice. O seu disco consiste num Rock com laivos de psicadelismo e apelo às pistas de dança. Bailou-se muito ao som disto e continuar-se-à a bailar no futuro próximo... Enquanto o duo não sufocar no seu próprio vómito (mais uma vez, remeto à letra do manifesto).

Faixa Preferida: A patroa gosta da Kids e eu gosto também da Kids porque me faz lembrar a patroa.



86- Sharon Jones & The Dap-Kings - 100 Days, 100 Nights (2007)

A Wikipédia diz que é: Soul, Funk

Gosto muito de Soul, mas só um disco deste estilo musical se mostrou relevante o suficiente para o incluir na minha lista. Falo, obviamente do album de Amy Winehouse Sharon Jones & the Dap-Kings. O disco 100 Days, 100 Nights vem carregadinho de Soul e Funk a fazer lembrar não só os tempos de glória do grande James Brown como as bandas sonoras dos filmes do Tarantino e as bandas Doo-Wop dos anos 50. E a senhora Sharon Jones possui um vozeirão farto e poderoso. Tem groove, é sexy, está ao nível dos clássicos e no entanto é muito 2007.

Faixa Preferida: 100 Days, 100 Nights



87- Tullycraft - Every Scene Needs a Center (2007)

A Wikipédia diz que é: Twee

Os Tullycraft eram uma memória remota no meu sub-consciente... Lembrava-me de fragmentos de algumas músicas deles dos anos 90, mas esquecera-me do nome da banda e de onde conhecia aquilo... Até que num dia em que estava menos preguiçoso do que o habitual fui investigar e descobri que a banda continua com força e saúde! O mais recente, Every Scene Needs a Center, injectou-me de euforia! Como reencontrar um antigo amigo e relembrar-nos do porquê dessa amizade. As músicas são felizes, as guitarras saltitantes, os coros femininos estão cheios de oooooh e aaaaaaah como no Punk e na Pop do antigamente. Ninguém conhece mas eu adoro!

Faixa Preferida: Clique At Night Vandals. Quando tiver uma banda este vai ser o nome da mesma.



88- Vampire Weekend - Vampire Weekend (2007)

A Wikipédia diz que é: Worldbeat

Existem muitas bandas que me colocam sorrisos idiotas na cara. Os Vampire Weekend são gente que andou em Oxford, portanto colocam-me um sorriso erudito, de quem está a pensar numa piada muito boa envolvendo mineiros de grandes profundidades e lençóis freáticos. A banda junta o Rock a ritmos alheios a estas paragens (há por aqui ritmo kuduro) e o resultado é uma festa para os sentidos. Feliz e vibrante! E além de gente simpática, este conjunto musical ainda possui o condão de meter a minha mãe a cantar (ainda que completamente fora de tempo como é seu apanágio) o refrão de A-Punk! Façam uma cover do Hakuna Matata e serei vosso amigo para sempre!

Faixa Preferida: One. Consta que o Blake tem cara nova...



89- Bon Iver - For Emma, Forever Ago (2008)

A Wikipédia diz que é: Indie Folk

Reza a história que, após o final da banda DeYarmond Edison e de um desgosto amoroso particularmente marcante, o artista Justin Vernon recolheu-se numa cabana no Wisconsin em estado de hibernação. Desse período de pousio nasceu For Emma, Forever Ago, uma colecção de música tão triste e escura que não deixa ninguém indiferente. O que editou a seguir desiludiu-me pessoalmente, mas esta estreia de Bon Iver deixou-me de queixo caído. Alguém que me venha desatar o nó na garganta.

Faixa Preferida: Creature Fear



90- Los Campesinos! - Hold On Now,Youngster (2008)

A Wikipédia diz que é: Indie Pop

"Hold On Now, Youngster reune a nata dos EPs editados anteriormente e junta-os a um punhado de novas composições igualmente vigorosas. Com um cuidado a nível lírico de qualidade superior para um grupo em que a média de idades anda pelos 20 anos, e títulos bem humorados como This Is How You Spell "HAHAHA, We Destroyed the Hopes and Dreams of a Generation of Faux-Romantics" e Broken Heartbeats Sound Like Breakbeats, os LC! colocam o pé no acelerador, só abrandando o ritmo quase insano na faixa escondida 2007: The Year Punk Broke (My Heart). Músicas curtinhas e orelhudas, apesar da convulsão musical." Post original aqui.

Faixa Preferida: É como ter de escolher o filho preferido, pois gosto de todas por igual. Vou destacar We Are All Accelerated Readers por fazer referência não só a Toni Braxton e Bonnie Tyler mas também ao filme The Breakfast Club.



91- Deolinda - Canção ao Lado (2008)

A Wikipédia diz que é: Fado, Música Popular

"Lembro-me de quando tinha 5 anos e ficava a brincar na cozinha de casa dos meus pais enquanto a minha mãe lavava a loiça. Ficávamos aqueles momentos a ouvir Deolinda através de um velhinho rádio AM. E cantarolávamos as cantigas da Deolinda naquelas tardes solarengas dos anos 80. Só que Deolinda nessa altura era tudo o que passava na rádio, desde Fado a canção ligeira às frequências das traineiras que passavam ao largo e que o transistor insistia em apanhar." Post original aqui.

Faixa Preferida: O Fado não é Mau



92- Flight of the Conchords - Flight of the Conchords (2008)

A Wikipédia diz que é: Comedy Rock

Perde por não ser um disco ao vivo e assim sendo não contendo diálogos entre os artistas, mas se assim fosse também não teria lugar nesta lista. As canções dos Flight of the Conchords são deliciosas, como já tive amplamente oportunidade de o referir no passado. E vão aos clichés todos, desde música electrónica à la Pet Shop Boys ao Hip-Hop chunga, passando por paródias a David Bowie (no espaço!), Reggaeton e falso romantismo. Pontos para a utilização do melhor instrumento musical alguma vez inventado, a "guitarra" MIDI Casio DG-20, uma aberração dos anos 80 resgatada com grande sucesso para os dias de hoje. Aquela... coisa faz música à maneira!

Faixa Preferida: Muitas, mas vou destacar Business Time hoje que amanhã já destacarei outra.



93- The Ting Tings - We Started Nothing (2008)

A Wikipédia diz que é: Alternative Dance

Não traz nada de novo ao Mundo. A sério que não traz. Mas gostei mesmo muito deste disco aquando a sua edição, e esse encantamento ainda perdura. Têm letras tontinhas que não fazem puxar muito pela cabeça mas dão vontade de cantarolar. As suas músicas são coladiças e alegres. E aparentam ser simpáticos. Citando Bruno Aleixo completamente fora de contexto, The Ting Tings é música para "jogar às cartas, restaurantes com buffet, macacos, andar de jipe, carros comerciais, jogar à consola, conviver com os amigos, ir ao café, ir ao Brasil"...

Faixa Preferida: Shut Up And Let Me Go. A guitarra dá vontade de ir para a praia.



94- Foge Foge Bandido - O Amor Dá-me Tesão/Não Fui eu que Estraguei (2008)

A Wikipédia diz que: não sabe o que é. Nem eu.

Foge Foge Bandido é o nome do projecto que Manel Cruz guardou e maturou ao longo de quase uma década, até finalmente o lançar para um Mundo que o quisesse escutar. Dois discos, 40 faixas, um livro com colagens, desenhos e fotografias de muito bom gosto. Duas edições, uma limitada e numerada de lombada preta, outra mais lata mas com lombada vermelha mais vistosa. Música experimental, canções completas ou deixadas a meio, ruído de fundo, sons e conversas captadas no quotidiano, muita gente convidada, os Ornatos todos, a família inteira e até o cão. No meio disto tudo, canções solidamente boas. Obrigado por isto.

Faixa Preferida: Um Tempo Sem Mentira



95- The BPA - I Think We're Gonna Need a Bigger Boat (2009)

A Wikipédia diz que é: Indie Pop

Para este disco, Fatboy Slim foi buscar: Iggy Pop, Pete York, Emmy The Great, Martha Wainwright, David Byrne, Dizzee Rascal, Danger Mouse e mais um punhado de gente que não conheço mas que certamente terão válidas carreiras musicais, e gerou um divertido e curiosamente coeso disco Pop. O potencial e estilo das diferentes vozes é aproveitado de maneira exímia. Há Pop, há Dance, há Rock, há uma primorosa canção Reggae tão em executada que parece vinda dos Dancehalls Jamaicanos dos anos 70. Tão bom e tão injustamente esquecido.

Faixa Preferida: Toe Jam. Todumundo pélado!



96- The Pains of Being Pure at Heart - The Pains of Being Pure at Heart (2009)

A Wikipédia diz que é: Noise Pop

"A estreia homónima, de 2009, é certamente um bonito disco Indie-Pop, que presta homenagem ao que foi feito anteriormente e limpa o caminho para o que há-de vir. A sonoridade balança entre os géneros irmãos Twee e Shoegaze, um misto de inocência e complexa bagagem emocional, como se The Pains Of Being Pure At Heart tivesse nascido da relação incestuosa dos Belle & Sebastian com os My Bloody Valentine, influências orgulhosamente assumidas pela banda." Post original aqui.

Faixa Preferida: This Love Is Fucking Right!



97- Emmy the Great - First Love (2009)

A Wikipédia diz que é: Anti-Folk

"Em termos musicais, First Love é um disco de Pop acústico competente. As músicas, inicialmente intimistas, têm uma apetência para se transformarem quase inocentemente em composições épicas, e a voz de Emmy é segura e confiante. O que se destaca em First Love é mesmo a soberba qualidade da escrita da menina. Com um vocabulário rico, sentido de humor refinado e habilidade para conseguir tirar rimas impossíveis da cartola, Emmy prova que é a maior sem necessitar de recorrer à regra dos três simples." Post original aqui.

Faixa Preferida: MIA



98- Passion Pit - Manners (2009)

A Wikipédia diz que é: Electropop

Eu sei que só os conheço há mesmo muito pouco tempo, mas os Passion Pit conquistaram-me e dou por mim a ouvir isto em todo o lado, seja em casa, seja na rua, seja no carro. Manners caíu-me bem. É festa, é alegria, é diversão, é aventura! Fazem lembrar os MGMT a espaços, mas com mais falsetto na voz, e levam-nos a acreditar que o futuro está no sintetizador de há 30 anos atrás. A História anda sempre em círculos e os Passion Pit trazem a lição bem estudada... Se conseguirem trazer de volta o Rock para as pistas de dança volto a entrar em discotecas!

Faixa Preferida: Sleepyhead. Sei que há faixas bem melhores no disco, mas esta delicia-me.



99- Phoenix - Wolfgang Amadeus Phoenix (2009)

A Wikipédia diz que é: Synth Pop

Os Phoenix descobriram mesmo ouro com o seu disco mais recente. O seu sucesso não foi construído da noite para o dia (Everything is Everything chamou à atenção nos idos de 2004), mas é satisfatório quando uma banda com valor e mérito atinge o nível de aclamação de que estes Franceses gozam na actualidade. Wolfang Amadeus Phoenix é o quarto disco mas soa tão ou mais fresco ainda do que qualquer coisa editada anteriormente pela banda. Rock para curtir aos pulinhos. Foi agora editada uma edição especial com um disco de bónus com remisturas de, entre outros, Animal Collective e Passion Pit. Bem bom!

Faixa Preferida: Liztomania



100- The XX - XX (2009)

A Wikipédia diz que é: Dream Pop

O que encanta nestes The XX é a aura de mistério que possuem as suas composições. O jogo de vozes menino/menina que cantam com aparente desinteresse, o som minimalista que se expande quando não se está à espera, as guitarras minimais que acrescentam sal ao cozinhado. Canções com espaço para crescer e respirar. Actualmente, não há nada como isto. Esperemos que continue assim. Timidamente deliciosos! E um X é a letra perfeita para se dar por encerrada uma lista destas dimensões.

Faixa Preferida: Crystalized, se bem que a que gosto mesmo mesmo mais é a Teardrops que vem no CD de Bónus.

14.1.10

Os meus discos preferidos da década 00-09, parte terceira

Este post é o contrário de pequeno. Se confundes antónimos com sinónimos, esta bicicleta não é para ti.



51- Lou Barlow - Emoh (2005)

A Wikipédia diz que é: Folk Rock lo-fi

"O album beneficia da voz harmoniosa de Barlow e da doçura da sua guitarra acústica para criar um uma manta molhada. Deveria transmitir calor e bem-estar, mas ao invés traz uma sensação de desconforto. Emoh é nostalgia e sentimento de perda. É a incessante procura de porto de abrigo. É dor, raiva e arrepios na espinha. É emoção fora de moda. E termina com uma balada sobre gatinhos para que tudo volte a fazer sentido e a valer a pena. Uma casa não é um lar, mas anda lá perto." Post original aqui.

Faixa Preferida: Legendary



52- Antony and the Johnsons - I Am a Bird Now (2005)

A Wikipédia diz que é: Dark Cabaret (?!?)

"I Am A Bird Now, que valeu a Antony And The Johnsons o Mercury Prize de 2005, é um album sobre o sofrimento. Aqui ouve-se nua e honesta a soberba voz de Antony, enquanto nos canta directo ao coração sobre os seus traumas, sobre a sua homossexualidade, amores desavindos e dores no coração. Comovente, e de uma violência lírica que contrasta com a candura do piano e o sussurro da bateria." Post original aqui.

Faixa Preferida: Bird Gherl



53- Bloc Party - Silent Alarm (2005)

A Wikipédia diz que é: Post-Punk

Silent Alarm é a enérgica estreia dos Bloc Party, e o disco possuía dois singles extremamente bem sucedidos: Helicoper, cuja remistura invadiu as pistas de dança com resultados favoráveis, e Banquet, banda sonora de uma campanha de telecomunicações. É claro que não é só de singles que este disco vive, e aqui encontram-se excelentes canções de Rock, bem construídas e imaginativas. Positive Tension e Luno são poderosas. No entanto, e apesar desta análise ser de acordo com os meus gostos e aberta a discussão, é tido e sabido que tudo o que os Bloc Party fizeram depois de Silent Alarm é bosta.

Faixa Preferida: This Modern Love é das melhores cantigas sobre prostituição de sempre. Melhor que as porcarias que o Sting impinge à populaça. Final Fantasy faz uma divinal cover disto ao violino.



54- Beck - Guero (2005)

A Wikipédia diz que é: Rock Alternativo. Oh Wikipédia, quando é que aprendes?

Guero é o disco mais divertido que Beck editou nesta finada década. Possui o seu maior sucesso em 10 anos, um E-Pro cheio de nananananas, é bailadeiro, vai buscar influências Brasileiras (como já havia feito em Mutations), tem Jack White no baixo e uma boa onda generalizada. Destaque também para o EP Hell Yes, que contém remisturas em 8 bits de alguns temas de Guero. Sempre quiseram saber como seria o jogo do Super Mario se tivesse sido Beck a fazer a banda sonora? Pois agora podem!

Faixa Preferida: Black Tambourine. Existe um lado B desta era chamado O Menina (sic) do qual gosto muito também.



55- Gorillaz - Demon Days (2005)

A Wikipédia diz que é: Rock Alternativo (outra vez), Electrónica

Se tirarmos o apelo da bonecada e os truques das aparições televisivas e o Hype à volta dos músicos e das participações especiais (Ike Turner? Uau, a sério?) e os concertos que, diz quem viu, são verdadeiramente espectaculares, ficam os discos. E ambos os albuns de originais dos Gorillaz são realmente muito bons, não há como negar. Demon Days ganha por ser mais graúdo que o seu antecessor, mais cuidado, menos Dan the Automator e mais Damon Albarn. Musicalmente entre a Electrónica a o Rock, há espaço para tudo na panela e ainda bem. Esperam-se mais Gorillaz no futuro.

Faixa Preferida: Kids With Guns



56- Sufjan Stevens - Illinois (2005)

A Wikipédia diz que é: Indie Folk, Baroque Pop

Sufjan Stevens mandou para o ar numa entrevista que iria fazer 50 albuns temáticos, um para cada Estado dos EUA. Entretanto voltou com a palavra atrás, mas antes disso editou dois discos desta empreitada, sendo um deles o melhor da sua carreira, Illinois. Liricamente ligado a esse estado, Illinois revela pomposidade nos arranjos, nos coros, nos instrumentos, nos gigantescos títulos de canções (The Black Hawk War, or, How to Demolish an Entire Civilization and Still Feel Good About Yourself in the Morning, or, We Apologize for the Inconvenience but You're Going to Have to Leave Now, or, 'I Have Fought the Big Knives and Will Continue to Fight Them Until They Are Off Our Lands!, por exemplo). Flautas, tubas, cornetas, coros angelicais e felicidade! Um dos discos mais bonitos da década. Viva a vida!

Faixa Preferida: Casmir Pulanski Day. É lamechas, é triste, mas foi a faixa que me fez regressar a este disco depois de o ter arrumado. Eleva a qualidade das restantes.



57- Gogol Bordello - Gypsy Punks Underdog World Strike (2005)

A Wikipédia diz que é: Punk Cigano

"Gypsy Punks Underdog World Strike é um album insano, pleno de humor e boa disposição, visível em títulos como Think Locally, Fuck Globally e Start Wearing Purple. O vocalista, no seu carregado sotaque de Leste, diverte-se apelidando todas as mulheres de "Sally" nas letras de Gogol Bordello, num misto de Ucraniano, Árabe, Espanhol e Inglês. Por detrás de toda a festa e alegria, existe também em Gypsy Punks Underdog World Strike um lado de consciência política que poderá escapar numa primeira audição. A música Immigrant Punk destaca-se pela critica ao tratamento recebido pelos emigrantes nos Estados Unidos (e no mundo, já agora)." Post original aqui.

Faixa Preferida: 60 Revolutions



58- Death Cab For Cutie - Plans (2005)

A Wikipédia diz que é: Rock Alternativo

Ben Gibbard veio lentamente a tornar-se numa das pessoas mais importantes na década que findou em termos de música independente. Quer pela credibilidade que o seu projecto lo-fi ¡All-Time Quarterback! lhe granjeou, quer pelo sucesso de Such Great Heights do seu projecto dançante The Postal Service, quer pelos discos de qualidade inegável que vem editando com os Death Cab For Cutie. Plans é o meu disco favorito desta banda, que conta com canções bem escritas, bem interpretadas, emocionantes e emocionais sem serem Emo, como Soul Meets Body, Summer Skin e Your Heart is An Empty Room. Grande disco.

Faixa Preferida: I Will Follow You Into the Dark



59- Sigur Rós - Takk (2005)

A Wikipédia diz que é: Post Rock

A música dos Sigur Rós tem o condão de pegar na minha mente e levá-la a passear por locais onde nunca sonhei estar, por locais onde fui feliz, por locais onde serei. Takk é o disco para gente iluminada que crê que a letra da canção é inferior ao sentimento que a mesma provoca, e a porta de entrada ideal para quem nunca ousou introduzir-se por este universo. Acessível pela melodia Pop, intrincado após audições repetidas. Divinal pelo todo.

Faixa Preferida: Glósóli. O teledisco é lindo.



60- Fiona Apple - Extraordinary Machine (2005)

A Wikipédia diz que é: Baroque Pop (se tem piano é barroco... Está bem visto, Wikipédia...)

Extraordinary Machine esteve por um fio para não acontecer mas felizmente aconteceu mesmo. Originalmente gravado em 2003, o disco foi recusado pela editora por ter pouco apelo comercial. No entanto, graças às maravilhas da Internet, as sessões de gravação saltaram cá para fora e, aliando o sucesso alcançado pelas mesmas à campanha orquestrada pelos fãs da artista, a editora permitiu que Apple regravasse o disco e o editasse. Extraordinary Machine fez um sucesso discreto mas apesar disso revelou-se uma pequena pérola com músicas suaves e delicadas, menos agressivas em termos líricos do que vinha sendo habitual. A única contribuição da cantora nesta década, o que é uma pena.

Faixa Preferida: Extraordinary Machine



61- Cansei de Ser Sexy - Cansey de Ser Sexy (2005)

A Wikipédia diz que é: Electroclash

Acusem os Cansei de Ser Sexy daquilo que vos apetecer. Que é básico, que é infantil, que é estúpido, que usam roupa foleira, que cheiram mal da boca, que têm os pés chatos. Tudo o que disserem é simplesmente inveja do sucesso planetário completamente meritório dos Brasileiros. O disco de estreia existe para divertir e a sua premissa é atingida facilmente, os sintetizadores possuem pormenores hilariantes, as letras são engraçadas, especialmente as em Português. Para dançar sem se pensar muito no que os outros pensam. Os Cansei de Ser Sexy marcaram a década, simplesmente.

Faixa Preferida: Music is My Hot Hot Sex. A parte da escuteira-mirim é uma delícia! Menção honrosa para Superafim, a música que vai contra tudo aquilo que gosto e que mesmo assim me conquista!



62- Animal Collective - Feels (2005)

A Wikipédia diz que é: Freak Folk, Rock Experimental

Ao longo da década os Animal Collective tiveram uma farta e aclamada carreira. E se a aclamação já vinha detrás, foi com Feels que explodiu. O disco tinha tudo para ser odiado. Ritmos estranhos, coros vindos do nada, gritos e a guitarra mais desafinada da história da música. Mas resultou. Descrito pela banda como um disco sobre o amor, Feels acaba por ser isso mesmo: uma expansiva declaração de amor à música Pop, demonstrada por caminhos nada convencionais, estonteante mas nunca desconcertante. Um album único na carreira da banda (uma vez que todos são ultra-radicalmente diferentes) e no mundo da música. Aquela guitarra desafinada, caramba!

Faixa Preferida: The Purple Bottle. Na versão ao vivo fazem um Medley desta canção com I Just Called to Say I Love You, de Stevie Wonder. O amor é isto e nada mais!



63- Suburban Kids With Biblical Names - #3 (2005)

"#3, o curioso disco de estreia dos Suecos, é simples, directo e estranhamente viciante. Às melodias acústicas são coladas batidas electrónicas, palmas, uivos, xilofones e tudo o que se soltar da imaginação da dupla. Deste caldeirão saem belas cantigas de fazer bater o pé no soalho. Grande parte das canções saltitam entre o alegre e o eufórico, apesar das vocalizações serem graves, por vezes soturnas." Post original aqui.

Faixa Preferida: Trees & Squirrels



64- JP Simões - 1970 (na internet diz 2007, no CD diz 2006. Vou confiar no meu CD)

A Wikipédia diz que é: Pop-Rock. Esta já não ouvia há muito tempo, tive de vir à Wiki Portuguesa para me recordar da gaveta para onde vai tudo o que não é Fado.

Primeiro disco a solo de "GêPê" e segunda entrada para o artista nesta listagem (a anterior tinha sido com Quinteto Tati). 1970 traz um artista maduro e vivido na voz, escritor de canções cada vez melhor e irmão Lusitano que Chico Buarque nunca teve mas sempre desejou. JP bebe a inspiração da música Brasileira, mas impõe um cunho muito Português na sonoridade e nos temas abordados. Produzido e arranjado pelo artista, 1970 é o retrato da sua geração, da promessa que a juventude traz e que se esfuma com a inevitável chegada da geração seguinte.

Faixa Preferida: Inquietação, versão de José Mário Branco. Se Por Acaso (Me Vires Por Aí) também me acalenta a alma.



65- Nuno Prata - Todos os Dias Fossem Estes/Outros (2006)

A Wikipédia: diz pouco sobre Nuno Prata e não cataloga o seu som. Vamos deixar estar assim.

Nuno Prata, antigo baixista dos Ornatos Violeta, entrega o seu primeiro disco a solo e surpreende pela qualidade da escrita (um bocado deprimente e deprimida, mas ainda assim, excelente). Todos os Dias Fossem Estes/Outros assenta musicalmente no baixo, mas é enriquecido com uma paleta de cores e sons, mor do multi-instrumentista e colaborador habitual Nicolas Tricot. Quase todas as músicas possuem assobio gingão, e os restantes Ornatos fazem coros em Alegremente Cantando e Rindo Vamos. A edição deste disco consiste num bocado de cartão enorme que não me cabe na estante, e por isso está sempre em destaque na minha colecção (boa estratégia).

Faixa Preferida: Vamos Andando (Só Temo Pelos Outros)



66- Mayra Andrade - Navega (2006)

A Wikipédia diz que é: Worldbeat, Afropop

De voz quente e olhar enfeitiçador, Mayra Andrade conquistou com a sua mistura da Morna de Cabo-Verde com o Jazz e Bossa-Nova e um cheirinho da Chanson Française. Tematicamente ligado à imigração sofrida pela própria artista e pelo povo de Cabo-Verde, Navega já zarpou com grande sucesso para fora da Lusofonia e o mérito é todo da menina. E o Creolo, depois de bem limpos e acostumados os ouvidos, não é nada difícil de entender. Mas mesmo que fosse indecifrável, a emoção com que Mayra canta chega para transmitir o sentimento das suas canções. Lindo.

Faixa Preferida: Poc Li Dente é Tcheu



67- Cat Power - The Greatest (2006)

A Wikipédia diz que é: Indie Rock

The Greatest virou repentina e surpreendentemente todas as atenções para Cat Power, uma desconhecida do público em geral e que no entanto editava na altura o seu sétimo disco. Bem cantado e sussurrado, ao piano com uma banda suporte marcadamente Country, The Greatest é produzido desleixadamente, como se artista não se importasse sequer com o resultado final. Se nunca se preocupara, porque havia de começar agora? Aqui acertou e teve aclamação, se não acertasse também não importava, como se viu com os discos que editou posteriormente. Um exemplo de integridade.

Faixa Preferida: Love & Communication



68- Arctic Monkeys - Whatever People Say I Am That's What I Am Not (2006)

A Wikipédia diz que é: Post-Punk

Viva a Internet, pois sem ela muita da música que se escuta actualmente seria abafada pela porcaria que a indústria discográfica continua a impingir mas já com menos sucesso. Vivam os Arctic Monkeys que disponibilizaram as suas músicas gratuitamente e que geraram burburinho tal mesmo sem venderem um único disco que os grandes não tiveram outro remédio senão abrir-lhes a porta. Viva o disco de estreia dos Arctic Monkeys que viu o seu lançamento antecipado tal fora o burburinho criado. Viva a vitória da boa música! Viva Whatever People Say I Am That's What I Am Not por tudo o que representa!

Faixa Preferida: You Probably Couldn't See for the Lights but You Were Staring Straight at Me. Vivam as músicas com títulos grandes!



69- Man Man - Six Person Bag (2006)

A Wikipédia diz que é: Rock Experimental

Os Man Man interessam tanto a fãs de Mr Bungle como a seguidores de Tom Waits. O som revela-se imprevisível como a banda de Mike Patton, as vocalizações e o ambiente vivem paredes meias com o mundo de Waits. Concertinas e caixinhas chinesas, grunhidos e lalalas, músicas sobre gigantes comedores de homens, pianolas e salganhadas, uma amplitude vocal invejável. E bigodes. O título deste disco vem do clássico filme "As Aventuras de Jack Burton nas Garras do Mandarim" (AKA "Os Aventureiros do Bairro Proibido" no Brasil).

Faixa Preferida: Feathers. Não tem nada a ver com o resto do disco mas é uma abertura do caraças!



70- Be Your Own PET - Be Your Own PET (2006)

A Wikipédia diz que é: Punk Rock

Gostei bastante de ter conhecido e acompanhado estes Be Your Own PET desde a sua génese ao ocaso. Gostei da sonoridade Garage Punk, da atitude Riot Grrl da vocalista, dos singles cheios de maravilha nos lados B, do imaginário de Filme de baixo orçamento nas letras das canções. Injustamente comparados aos Yeah Yeah Yeahs, os Be Your Own PET foram muito mais violentos, o seu som mais hiperactivo, as suas canções mais fracturadas, muitas vezes dispensando refrão. O album de estreia desta banda foi uma bomba de adrenalina muito bem-vinda. 33 minutos de Rock and Roll, baby!

Faixa Preferida: We Will Vacation, You Will Be My Parasol



71- Islands - Return to The Sea (2006)

A Wikipédia diz que é: Indie Rock

Islands é o nome da banda que Nick Diamonds fundou depois do abrupto final dos Unicorns, e Return to The Sea é o prolongamento do caminho iniciado pela extinta banda, mas com mais instrumentos e meios de produção. Exceptuando a única música do mundo que me causa vertigens (Where There's a Will There's a Whalebone, verdadeiramente horrível), o disco tem momentos muitíssimo bem conseguidos, divertidos e inconsequentes. A temática continua a ser a morte, mas desta vez é uma morte mais alegre, mais voluntária. Os restantes discos dos Islands não interessam, mas este é realmente muito bom.

Faixa Preferida: Don't Call Me Whitney, Bobby. Coloca-me o astral bem lá no alto.



72- I'm From Barcelona - Let Me Introduce My Friends (2006)

A Wikipédia diz que é: Indie Pop

Emanuel Lundgren escreveu um punhado de canções e depois foi buscar os amigos e os primos e os tios e o carteiro e pessoas que passavam na rua e meteu toda a gente a cantar afinadinho e a passear pelo Mundo fora. Amigos assim não se encontram facilmente. Também queria um destes... Musicalmente, os I'm From Barcelona colocam o gene Sueco a funcionar e os êxitos brotam naturalmente. Simples, mas eficaz.

Faixa Preferida: We're From Barcelona. A cair de bêbado a gritar a letra disto em Faro. Bons tempos.



73- Kimya Dawson - Remember That I Love You (2006)

A Wikipédia diz que é: Anti-Folk

O filme Juno recebeu bastante aclamação e a banda sonora fez tanto sucesso que teve direito a uma segunda edição só com músicas que ficaram de fora do alinhamento. Em ambos os discos está Kimya Dawson, tanto a solo como em pelo menos 3 bandas diferentes. Remember That I Love You é o disco que contribui com 5 canções para a banda sonora, e a amostra mais sólida do trabalho da senhora. Música acústica com letras que mandam o convencionalismo às urtigas. "My Rollecoaster" tem, entre outros, excertos de Metallica e Willie Nelson!!!

Faixa Preferida: I Like Giants



74- Camera Obscura - Let's Get Out Of This Country (2006)

A Wikipédia diz que é: Indie Pop

OS Camera Obscura são grandes, e todos os seus discos são excelentes. Mas Let's Get Out of This Country destaca-se por ter saído da sombra dos conterrâneos Belle and Sebastian e trilhado caminho próprio. Com arranjos cheios (cordas e mais cordas) e uma temática melancolicamente apaixonada, o terceiro longa duração da banda é uma experiência encantadora. Baladeiro como os discos de antigamente, apontado a pessoas com sensibilidade estética e romântica.

Faixa Preferida: Lloyd, I'm Ready to Be Heartbroken. Se alguém esteve a viver debaixo de um calhau durante estes anos todos, o Lloyd da canção é Lloyd Cole, autor do clássico Are You Ready to Be Heartbroken. Odeio ABBA (de morte, mesmo), mas há uma cover de Super Trooper muito boa no lado B do single Tender For Fears.




75- Final Fantasy - He Poos Clouds (2006)

A Wikipédia diz que é: Indie. Indie? Um gajo que só toca violinos e samples de violinos é apenas Indie? Estamos preguiçosos, Wikipédia?

Final Fantasy é o antigo nome artístico de Owen Pallett (agora assina com o nome que os Papás lhe deram), membro não-oficial dos Arcade Fire e principal contribuidor para os arranjos de cordas da mesma banda. Na sua carreira a solo, Pallett inspira-se no imaginário dos videojogos (como se o nome Final Fantasy não o denunciasse) e de Dungeons & Dragons. Pallett é um nerd, tal como os seus fãs. O violino é o seu instrumento de eleição e é em sua volta que os seus discos gravitam, mas as letras demonstram apurado sentido de amor (This Lamb Sells Condos é de rir). Não será um disco para todos os ouvidos, mas não deixa de ser curiosamente bom.

Faixa Preferida: Many Live -> 49 MP. Deliciosa é também a cover ao vivo de Fantasy (Mariah Carey).