14.11.08

Discos: Deolinda - Canção ao Lado

“...O seu nome é Deolinda e tem idade suficiente para saber que a vida não é tão fácil como parece, solteira de amores, casada com desamores, natural de Lisboa, habita um rés-do-chão algures nos subúrbios da capital. Compõe as suas canções a olhar por entre as cortinas da janela, inspirada pelos discos de grafonola da avó e pela vida dos vizinhos. Vive com 2 gatos e um peixinho vermelho...”



Lembro-me de quando tinha 5 anos e ficava a brincar na cozinha de casa dos meus pais enquanto a minha mãe lavava a loiça. Ficávamos aqueles momentos a ouvir Deolinda através de um velhinho rádio AM. E cantarolávamos as cantigas da Deolinda naquelas tardes solarengas dos anos 80. Só que Deolinda nessa altura era tudo o que passava na rádio, desde Fado a canção ligeira às frequências das traineiras que passavam ao largo e que o transistor insistia em apanhar.

Canção ao Lado, o disco de estreia dos Deolinda, remete-me exactamente para esse tempo, para um Portugal mais puro e típico e, bem, mais Portugal. Há Fado castiço sem guitarra portuguesa e canção ligeira com bom humor e leveza. Há dores na alma cantadas com um sorriso nos lábios. Há um disco coeso e esperança no futuro da Música Popular Portuguesa.

É extremamente difícil destacar uma faixa num disco tão poderoso. Movimento Perpétuo Associativo tem petição na internet para substituir o Hino Nacional. Fado Toninho é delicioso, O Fado não é mau emana poder. Fon-Fon-Fon e Ai Rapaz são festa, Clandestino amolece o coração do mais sisudo. Melhor mesmo é ver o teaser que deixo aqui em baixo e que serve de cartão de visita para um dos melhores discos de 2008.



site: http://www.deolinda.com.pt/

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