10.11.08

RESSACA KOSOVAR - Hellboy, Hellboy II: The Golden Army, Young People Fucking, Step Brothers

Mais um fim de semana de bebedeira, mais uma ressaca kosovar, desta feita em Setúbal, terra do peixe assado e do choco frito. Esta ressaca teve a particularidade de ter durado dois dias e de ter passado por duas casas, com cada filme a ter públicos e iguarias distintas.

Passemos então à primeira ressaca, que contou com a presença do anfitrião e co-criador das ressacas kosovares nos idos de 1830, o meu muy estimado amigo Ruiruim, fervoroso defensor das bicicletes e dos blogs comunitários, e do Bruno Roldão, outro grande maluco e estimado companheiro de palhaçada. Para a comezaina, houveram barras energéticas e pão que o próprio Ruiruim amassou enquanto se preparava para o fim do petróleo, barrado com molho para salmão do IKEA. Antes de vos falar do primeiro filme, gostaria de fazer uma chamada de atenção para o referido molho. O molho para salmão do IKEA liga bem com tudo! TUDO! Acabou-se o ketchup para as batatas fritas? Molho para salmão do IKEA! Não há vinagre para temperar a salada? Molho para salmão do IKEA! Ficaste sem dentífrico? Molho para salmão do IKEA! Tudo sabe bem com o molho para salmão do IKEA! Até o salmão!



Hellboy, baseado na banda desenhada de Mike Mignola, é o filme ideal de ressaca na opinião dos meus companheiros. Tem monstros, explosões, um enredo levezinho e violência a rodos. Não sendo propriamente grande fã da banda desenhada (apesar de gostar muito da antologia Hellboy Junior, editada há um par de anos), abracei o filme e deixei-me levar pelo delírio de Gillermo del Toro. Aqui fica uma interpretação muito simplificada do argumento:

Uns senhores nazis vão para a Escócia fazer experiências com o intuito de abrir um portal para o Inferno e contratar uns monstros para ajudarem a Alemanha a ganhar a Segunda Guerra Mundial. Entre os senhores nazis, está um bicho feito de areia com umas facas muito grandes e o grande Rasputin (ra ra Rasputin, lover of the Russian Queen). Só que acontece que os aliados também lá estavam, e dão cabo da festa aos Alemães, mas não sem antes deixarem escapar um pequeno demónio do portal. O demónio é baptizado de Hellboy e adoptado por um senhor cientista paranormal. Passados 60 anos, Rasputin e o Areias das facas regressam, mas aí o cientista já tinha criado um Hellboy grande e forte e com predilecção por gatinhos fofinhos. Esse cientista trabalha para a secção paranormal do FBI, juntamente com uma coisa azul que é super-inteligente e uma senhora maluquinha que volta e meia entra em combustão espontânea, pela qual Hellboy está perdidamente apaixonado. Trabalha também nessa secção um tipo que é uma verdadeira bota de elástico e que não interessa nada para a história porque só lá está para criar um triângulo amoroso entre o vermelhão e a piromaníaca.

Adiante. Rasputin e o Areias invocam um bicho feio que semeia o caos, mas Hellboy rebenta prontamente com ele. O problema é que a cada monstro derrotado, surgem dois novos. Mais, os bichos feios têm o hábito irritante de largar ovos por todo o lado. Resultado: mais bichos feios para levarem pau do Hellboy.

E depois o cientista e pai adoptivo do vermelhão é assassinado pelo talhante das Arábias, tudo por culpa do anormal do bota de elástico que decidiu levar a senhora do fogo a passear quando devia ter ficado em casa a tricotar camisolinhas de lã . Assim, Hellboy, com a ajuda do seu amigo azul, tem que vingar a morte do seu mentor, derrotar o Rasputin e o Areias dos canivetes, matar os bichos feios todos, retalhar um calamar gigante que aparece lá mais para o fim e ainda sacar a rapariga inflamável e deixar o choninhas do bota de elástico a carpir agarrado ao estômago.

Veredicto: Gostei do Hellboy. Para filme de super-heróis baseados em banda desenhada, está muito divertido e coerente. Ron Perlman nasceu para interpretar o vermelhão, tão perfeito foi o seu casting. Levou uma ovação de pé no final e sai daqui com:



(4 Bronsons semi-nús em 5)

Depois de Hellboy e já devidamente restabelecidos, partimos alegremente para o jantar de inauguração da nova casa do nosso amigo Buly, um jantar bem alegre e bem regado. Jantares alegres e regados equivalem a ressaca, o que nos leva ao segundo dia de ressaca kosovar, novamente em casa de Ruiruim, mas esta feita contado somente com este vosso escriba e com o anfitrião.



Hellboy II: The Golden Army continua as aventuras do vermelhão e da sua pandilha. Regressam o azulinho e a Ronson-Humana, e há também um amiguinho novo, uma espécie de nevoeiro ainda mais inteligente que a coisa azul. De fora da equação está o bota de elástico, que felizmente foi enviado para a Antártida para estudar a propriedades gasosas do Guaraná.

Em Hellboy II, o herói e o seu circo de aberrações têm de derrotar um príncipe elfo maléfico que deve ter andado na escola com o Areias do filme anterior porque também gosta muito de brincar com facas, e impedi-lo de recuperar a coroa do pai e reactivar o exército dourado, uma força de combate imparável que trará a destruição da raça humana se não for travada a tempo. O elfo tem uma irmã gémea que se apaixona pela coisa azul, o que o leva a quase colocar a missão em risco. Ah, e Hellboy vai ser pai!

Veredicto: Notoriamente inferior que seu predecessor, Hellboy II: The Golden Army é ainda assim um filme de ressaca decente. Não há um cuidado tão grande em desenvolver as personagens como no primeiro filme, e as piadas são bastante forçadas. Mas a personagem de Hellboy inspira-me uma tremenda simpatia e apesar dos seus muitos defeitos, gostei deste filme e fico à espera que hajam mais Hellboys por aqui em diante. Charles Bronson manda dizer que se fosse vivo o papel de Hellboy não lhe escapava, e presenteia este filme com:



(três Bronsons semi-nús em 5)

No intervalo entre Hellboy II e o filme seguinte, Ruiruim lembrou-se que o petróleo está quase a acabar e foi fazer pães com chouriço. Estavam bonzitos, quase tão bons como a película seguinte:



Young People Fucking é uma comédia romântica das boas. Como o genial título indica, este é um filme sobre gente jovem a... Transar? Mãe, posso escrever e palavra "foder" no meu blog? Posso? Pronto, malta nova a foder.

É claro que o filme não é só isso. Isto é, 90 % de Young People Fucking passa-se debaixo dos lençóis, mas o que temos aqui é antes uma análise dos relacionamentos amorosos dos jovens adultos da actualidade, da sua ânsia em separar sexo de amor. As personagens são estereotipadas, o que neste caso revela-se positivo, e o argumento poderia perfeitamente ser uma tese de doutoramento sobre comportamento humano. Temos os melhores amigos que de momento não namoram e resolvem ser "fuck-buddies", os casados que já não sabem que mais inventar para manter a chama do casamento acesa, os ex-namorados que se encontram para recordar velhos tempos, o garanhão que consegue safar-se no primeiro encontro, e os colegas de quarto que se envolvem num esquema amoroso com a namorada de um destes. As várias fases do acto são segmentadas para mostrar como cada situação se desenvolve, estimulando reacções distintas no espectador. As partes dos colegas de quarto são hilariantes, as dos casados são constrangedoras, e as dos ex-namorados estranhamente familiares.


Veredicto: Mesmo com um título tão forte e a respirar sexo por todos os lados, não há nada de gratuito nem explícito neste filme. Mesmo a própria nudez é muito pontual. Young People Fucking está muitíssimo interessante, divertido e inclusivamente educativo. Charles Bronson diz que está disponível para a eventual sequela "Dead People Fucking", e aprova com:



(quatro Bronsons semi-nús em 5)

E com este filme terminado partimos novamente para casa do Buly, onde jantámos franguinho de churrasco e nos preparámos para a sessão mais concorrida do fim de semana. Éramos 9 alminhas ao todo. O Buly e o seu irmão Tozeca, o Ruiruim e o Bananas que também é maluquinho das bicicletes, a Susana e a Maria que é namorada do Buly e um amor de pessoa, a Madhay que é de Valencia mas emigrou para a segunda cidade mais perigosa de Portugal (Viva Setúbal, caramba! Ouvem-se tiros na rua e tudo!) e moi même. Com tal volume de gente, foi uma pena termos visto a seguinte película que quase azedou a ressaca kosovar por completo:



Ok, Step Brothers. Eu gostei do Talladega Nights. Eu gosto do Will Ferrell e do John C. Reilly. Mas este Step Brothers simplesmente não funciona. Não me interpretem mal, eu ri-me bastante em algumas partes. Mas ri-me não de divertimento, mas sim de vergonha alheia. Ver dois homens adultos a interpretar aqueles papeis deixaram-me tremendamente desconfortável e tirando o Ruiruim que estava deliciado, a opinião era geral: Step Brothers é uma abominação.

Portanto, temos dois homens adultos na casa dos 40 anos que vivem e pensam como crianças, e que guerreiam entre si quando o pai de um deles casa com a mãe do outro. Homens de 40 anos com princípio de calvície a ler revistas pornográficas em casas na árvore. A lutarem com bicicletas. A levarem pancada de crianças de 10 anos. A comerem cocó seco. Porquê? Para quê?

Veredicto: Era uma vez um cão que respirava pelo cú. Uma vez sentou-se e morreu. Gostaram da piada? Agora imaginem o que é ter de ouvir esta piada centenas de vezes durante uma hora e quarenta e cinco minutos. Já não tem tanta piada, pois não? Step Brothers tem os seus momentos, mas estica-se para além dos limites do razoável. O melhor desta sessão foi mesmo a salva de palmas que batemos quando ouvimos o barulhinho da reciclagem do Windows a ser despejada. Charles Bronson parte violentamente as pernas a este filme com um martelo pneumático e atira-o ao rio Sado com:



(um Bronson semi-nú em 5)

E assim termina mais uma sessão de cinema em boa companhia. A qualidade variou, mas a perseverança mantém-se e a ressaca kosovar foi novamente um enorme prazer. Obrigado aos meus amigos da terra de Bocage por mais estes momentos felizes. Despeço-me com amizade, à moda do Engenheiro Sousa Veloso.

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