Quem me conhece pessoalmente, já esperava por este post. Ainda assim, não deixa de ser particularmente difícil para mim escrever sobre um dos meus tesouros mais bem guardados, a música de Elliott Smith...
Nascido Steven Paul Smith em 1969, Elliott foi um dos mais acarinhados cantores folk do século XX, e ao mesmo tempo o mais injustamente esquecido. A sua carreira musical começou nos Heatmiser, uma banda pós-grunge com forte incidência na distorção e nas guitarras eléctricas. Daí que o primeiro album a solo de Elliott Smith (intitulado Roman Candle) tenha causado alguma surpresa entre os seguidores daquela banda, por trocar a electricidade pela velhinha guitarra acústica. O Lo-Fi e a candura na sua voz representam os primeiros albuns do cantor, verdadeiros diamantes escondidos numa produção deficiente.
Elliott Smith saiu da obscuridade mais ou menos em 1997, quando o realizador Gus Van Sant resolveu incluir algumas das composições no filme O Bom Rebelde, valendo a Smith o reconhecimento internacional e a nomeação para um Oscar pela música Miss Misery.
Seguiu-se um contrato com a Dreamworks, do qual resultaram albuns mais ambiciosos, ultra-produzidos e belíssimos, ainda que um bocadinho difíceis de apreciar para alguém com o ouvido destreinado. Elliott Smith entrava numa fase infantil, de um músico a transbordar de talento com uma guitarra de caixa a cair de podre que se deixa deslumbrar por um estúdio cheio de instrumentos, e que não descansa enquanto não os experimentar a todos. Oiçam a Waltz #2, do album XO, e observem como se transforma uma valsa numa canção pop sem mácula, por exemplo.
Quer os seus primeiros albuns, quase totalmente acústicos, quer os seus mais recentes trabalhos, mais orquestrais, valem a escuta atenta. Porém, não podendo dar especial destaque a todos os 6, saliento o Either/Or, aquele que considero o album introdutório perfeito para um ouvinte novo de Elliott Smith.
Either/Or, o terceiro registo, é uma album de transição. A guitarra acústica está lá, mas já se começam a ouvir guitarras eléctricas, baixo e bateria nalguns temas. A postura recatada encontra-se presente, a delicadeza da sua melodiosa voz é algo de outro mundo e Elliott Smith prova aqui de uma vez por todas o seu valor como escritor de canções! Quase todos os dias oiço este album, e continuo sem me cansar dele... Destaque para Say Yes, Angeles e aquela que considero a minha música preferida de todos os tempos (por várias razões que não mencionarei aqui), Between The Bars...
A maior parte dos trabalhos de Elliott Smith podem ser encontrados na Fnac. Ironicamente, a sua obra mais recente, From A Basement on a Hill, provavelmente será a mais difícil de encontrar. Mas ela anda por aí. Procurem-na bem.
Elliott Smith faleceu precisamente há 2 anos, nesta data. Foi genuinamente uma boa pessoa, para além de um excelente músico. Espero ter conseguido homenageá-lo decentemente. Rest peacefully, old friend...
fiquei com curiosidade suficiente para ir procurar alguma coisa pela mula...
ResponderEliminarVamos lá a ver se tenho alguma sorte...
Super Elliott Smith
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