19.8.06

Livros: Caralhamas

Hoje há Cara lh amas, de E.M. de Melo e Castro.

amam-no todos
uns porque o têm
bem colocado e ereto
outros porque a foda
sem ele não bate certo

e se o nariz não chega
e os dedos se dispersam
só ele é que é capaz
de entrar todo na toda
discreto e bom rapaz

e os tristes que o não têm
amam-no doutra maneira
distantes e macios
não sabem se se vêm
ou se é só caganeira




Ernesto Manuel de Melo e Castro é um engenheiro têxtil na reforma, escritor de livros técnicos sobre o assunto e poeta experimental. Pioneiro na arte da videopoesia, foi professor universitário em São Paulo até 2001, onde leccionou Infopoesia e Ciberpoéticas da Transformação, bem como Estudos Comparados de Literatura e Língua Portuguesa. Doutourado em Literatura Africana, E. M. de Melo e Castro é autor de uma vasta obra poética, como Poética dos Meios e Arte High Tech, Trans(a)parências, Finitos mais Finitos, Signos Corrosivos e, claro está, o seu livro maldito, Cara Lh Amas: Poemas Eróticos e Sarcásticos, de 1975.

de semântica sêmea
se insinua o sémen
na lacona lagoa lacunar
e da sádica sede se ressente
o sentido
no sentido cunar.

se sádica ou sábia
quem o saberá?
Se salubre salgado
o teu sabor a odre
é a onda do útero
é terra que remorde
a espera do esperma
nas ásperas paredes.

e o significado vem
da fricção rítmica e formal
entre as mucosas rubras
do pénis, da vulva, da boca
ou da anal.

E.M. de Melo e Castro nasceu na covilhã, em 1932.

Cara Lh Amas, cortesia de monsieur Papo-Seco (link removido por ataque de spam)

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