Como Portugueses, três aspectos nos distinguem das demais nações. O primeiro aspecto é a eterna melancolia na qual estamos envolvidos. O fado, a saudade, o saudosismo... Não há por esse mundo fora outro povo que se entregue com alma e coração a estes sentimentos, que os abrace e guarde com tanta ternura como nós. O Segundo, a nossa história. Existimos oficialmente como nação desde 1143, apesar de o nosso território ter sido alvo de imensas conquistas e reconquistas desde há pelo menos 5000 anos. A nossa história é forte, é inegável, é nossa! O Terceiro, a variedade, complexidade e uso abusivo de palavras aumentadas sinteticamente utilizando o sufixo "ões". Palavrões, portanto.
Em Faro, estes 3 aspectos reúnem-se em harmonia no café Bombordo. Situado bem no centro do núcleo histórico da capital algarvia, a Vila Adentro, perto da estátua de D. Afonso III, o rei que tomou o Algarve aos mouros, o Bombordo resiste ao avanço galopante do turismo que invade o sotavento algarvio esgotados que estão os recursos do barlavento. Uma réstia de Portugalidade e tipicidade, lutando ingloriamente contra o seu destino...
Uma esplanada com mesas e cadeiras de plástico, espaço fechado com 4 metros quadrados, especializado em Sagres, Super Bock e Carlsberg, o Bombordo, longe de ser uma taberna como outra qualquer, destaca-se das demais pelo atendimento e serviço prestado pelo seu proprietário, de tal modo que o café em si é conhecido não pelo seu nome de baptismo mas sim por outro bem mais apropriado: o Calotas!
O Calotas é conhecido por tratar todos os seus clientes por igual, não olhando a raça, credo ou sexo. Não interessa se é o Zé das Couves ou o Pedro Miguel Ramos, o Calotas não faz distinção entre clientes. Dali, toda a gente sai insultada! TODA! Recordo aqui com alguma saudade a minha primeira experiência no Calotas, sem qualquer aviso prévio daquilo que me esperava:
- Quero uma cerveja...
- Vai buscar, caralho!
- Vou buscar? Como assim?
- És burro ou comes merda? Vai buscar a puta da cerveja à puta da arca, caralho!
Amor à primeira vista. A partir daí, todas as vezes que visitei o Bombordo, sou insultado de formas cada vez mais originais, o que me faz ter sempre vontade de voltar. Da última vez, o Calotas deu-me uma lição de civismo, misturando regras de etiqueta com ameaças à minha integridade física. Uma experiência extra-sensorial. O Bombordo está sempre cheio, mesmo em noites frias e chuvosas, o que me leva a crer que não seja o único a encarar os mimos distribuídos aleatoriamente pelo Senhor Calotas como elogios gratificantes! Ninguém sai dali magoado, e o próprio comportamento do proprietário é fomentado e encorajado pela sua clientela.
Encarem este post como um aviso ou um convite. "Mija no espaço, consome no espaço!"
Convite, prefiro um convite! Quando for a Faro, passo no Calotas de certeza!
ResponderEliminarO que este país precisa é de mais Calotas!
ResponderEliminarOra cá chego através do Bruno T.
ResponderEliminarEsta história do calotas lembra-me de uma que vivi na China Town londrina.
Um imenso (prédio) restaurante chinês em que os clientes eram tratados abaixo de cão. Era a moda há 10 anos. Pergunto-me se a coisa ainda funciona.
grande personagem esta...quem diria k numa visita de estudo ao algarve iria encontral tal pessoa!!!brilhante!!!
ResponderEliminar"se arranja-ses um algarvio cm eu fazia-te uma ninhada de filhos"..."vou morrer estufato com esta merda"..."cada vez k eu me rio os putos começam a chorar"..."sabes akelas quecas mentais, tens duvidas?podes crer puto"..."tens falta de sexo?mete um cotonete"..!!
sao expressoes k nos podem levar a ter espasmos mentais, ou sera orgasmos mentais...humm deixo ao critério do calotas!!!
kem for a faro nao perca a oportundade de o conhecer, simplesmente ineskecivel!!!
bjs
não ha SAGRES no Calotas
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