Na categoria cinéfila de adaptações de banda desenhada, dois dos maiores gigantes da 9ª Arte têm tido percursos muito diferentes. Os filmes baseados nas obras de Alan Moore, talvez porque o mesmo sempre se opôs vigorosamente a estas adaptações, situam-se regra geral entre o fracasso de bilheteira (quando adaptados literalmente) e o sucesso relativo (quando alterados de forma tão radical que se torna difícil encontrar paralelos entre a banda desenhada e a sua consequente adaptação). No entanto, Moore é um genial argumentista de banda desenhada, tido como quase cinematográfico na sua escrita.
O percurso de adaptação da obra de Frank Miller ao cinema é bem diferente. Quando os filmes são vagamente baseados na sua obra (relembrando os horríveis flops de Daredevil e Elektra), o resultado final alterna entre o enfadonho e o asqueroso. Porém, as adaptações mais fiéis do seu espólio artístico resultam em grandes filmes. Veja-se o exemplo do mais recente filme de Batman, baseado na sua graphic novel Batman: ano I. Veja-se o aclamadíssimo Sin City. E veja-se agora (no cinema, se possível) o mais recente 300.
300 narra com contornos de lenda fantástica os acontecimentos reais da batalha de Thermopylae, onde Leónidas I, Rei de Esparta, contando apenas com a sua guarda pessoal de 300 soldados e alguns aliados de outras cidades-estado gregas, procura impedir a invasão persa comandada pelo Imperador Xerxes e o seu grandioso exército.
Filmado essencialmente em bluescreen, 300 captura na perfeição os cenários e planos incluídos na obra de Miller. Nota especialmente alta para a caracterização. Gerard Butler e Rodrigo Santoro são perfeitas aparições em carne e osso de Leónidas e Xerxes, respectivamente.
Completando a experiência cinematográfica, esta adaptação conta com novos elementos originalmente ausentes da Graphic Novel original, mas com alguma pertinência histórica, nomeadamente sobre a importância das mulheres na sociedade Espartana. Gorgo, a esposa do rei Leónidas, praticamente ausente na banda desenhada, possui aqui um papel de relevo pelas suas acções diplomáticas junto do senado Espartano, sendo a frase "Apenas as mulheres Espartanas dão à luz homens" atribuída historicamente a esta rainha. Outra citação directa, "Volta com o teu escudo ou em cima dele", é geralmente aceite como despedida das esposas de Esparta aquando da partida dos seus maridos para a guerra.
300, o filme, é um épico à antiga, deixando passar um certo sentimento camp após o seu visionamento. A grandiosidade das batalhas e os relatos de engenho, crueldade e coragem da falange Espartana, à mistura com a relação intensa entre o Rei Herói e o Rei Vilão e os aspectos mitológicos introduzidos levam-nos aos filmes históricos de antigamente. A brilhante realização de Zack Snyder arrasta as nossas mentes directamente para dentro da acção do filme, fazendo-nos por momentos sentir o aroma do sangue e o peso dos escudos. 300 faz-nos sentir Espartanos durante praticamente duas horas. Um mimo para fãs de banda desenhada, um excelente filme para todos os outros.
Trailer:
Sem dúvida, um enorme filme! Mas, na minha opinião, a felina que mais me fez sentir camp(?) foi aquela que dançava no ar... AHHUUURRR!!! Abraço!
ResponderEliminarfaço coro com o butler e digo q entre 1 adolescente bebeda e minha loiraça(ESPOSA) prefiro esta última, mas o q faltou no seu blog foi comentar o discurso evidentemente americanófilo velado, ou seja: "nós espartanos (ocidentais) lutamos pela liberdade, pelos homens livres, contra escravos sem vontade e blabla". pôrra! parece até o discurso do george bush, ou não é?
ResponderEliminarahuahuhahua, me desculpe a ignorância nas girias européias , mas q onda é esta de "camp", algum tipo de "cool"?
vlw brothers ibéricos
Wolmar de Almeida Teixeira Bstos
Esqueci-me de comentar na altura, comento agora:
ResponderEliminarKitsch é algo que ficou ultrapassado no tempo, e por isso cómico.
Camp é algo propositadamente ultrapassado no tempo, e não menos cómico.