Há tempos, foi aqui falado de uma loja de discos em Leiria chamada Alquimia, cujo proprietário era exímio na arte de impingir discos de qualidade aos seus clientes, acertando nos seus gostos e preferências. Sempre que lá entro dificilmente saio sem um disco nas mãos, que não poucas as vezes desconheço completamente. Foi o que aconteceu no caso de Bright Eyes.
Bright Eyes é o nome de uma banda que se mistura com o nome de Conor Oberst, o mentor e único músico a figurar em todos os albuns do projecto. Conor pratica uma Pop com tendências megalómanas, sempre prestes a sair do obscurantismo, mas falhando perpetuamente uma e outra vez, até ao salto definitivo que tarda em chegar. Um dos seus albuns chegou a número 10 na tabela de discos mais vendidos nos Estados Unidos, e ainda assim poucos ouviram falar de Bright Eyes e ainda menos pessoas desconfiam que existe um multi-instrumentista chamado Conor que edita o seu cancioneiro desde os 13 anos de idade. Com uma carreira bastante intensa (só o ano passado, Bright Eyes editou/editaram dois discos de originais e um ao vivo), este é um nome a ter em conta num futuro próximo, tal a qualidade e espírito meio mainstream, meio underground que carregam as músicas deste projecto.
O Album sugerido este mês tem o título de LIFTED or The Story is in the Soil, Keep Your Ear to the Ground.
Lifted assume-se como um album conceptual, em que as músicas só fazem sentido se ouvidas de seguida, de tal forma que a linha onde acaba uma e começa outra é muito ténue e por vezes imperceptível. O tema base é o rescaldo dos atentados de 11 de Setembro, mas a toada é melosa (e o facto de algo ser meloso não significa propriamente que seja mau) e aquilo que seria uma reacção de uma América ferida torna-se antes um grande disco sobre o amor e outros sentimentos menores. A voz de Conor é estranhíssima, afinada "alternativamente", e a grandiosidade dos arranjos mistura-se com momentos rock "in your face" e cantinhos intimistas.
Mas o grande valor de Lifted é mesmo o seu conteúdo lírico, escrito detalhadamente num booklet muito bem ilustrado e pensado ao pormenor. Além de um grande album, ainda se ganha um grande livro de poesia que facilmente sobreviveria sem a componente musical. Sem o booklet, admito, este album seria demasiado estranho até para mim e creio que o teria descartado. Mas a experiência de acompanhar as letras à medida que as músicas nos entram pelos ouvidos tornaram Lifted numa escolha recorrente sempre que vasculho os meus "Discos Compactos". Para ouvir de olhos bem abertos.
Descobri isso nos Best Off's de 2005 do Zé Carlos Araújo... Tenho por lá o "Digital Ash In a Digital Urn" e o "I'm Wade Awake, It's Morning" e gostei. Tenho que ouvir este também...
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