27.5.07

Banda Desenhada: The Walking Dead

Rick Grimes é um polícia de província, casado e com um filho. Vivendo uma vida calma e recatada, Grimes é alvejado por um criminoso no único dia em que teve de disparar um tiro contra alguém. Algumas semanas mais tarde, Grimes acorda no hospital. Ao seu redor não existem outros pacientes. Não há enfermeiras nem médicos nos corredores. As crianças não brincam na rua. A sua família desaparecera. A casa do seu vizinho está ocupada por duas pessoas estranhas empunhando caçadeiras. E, por todo o lado, o cheiro a putrefacção emana. Rick Grimes perdera tudo na vida menos a própria vida, que está prestes a ser roubada por uma horda de mortos-vivos. Começa assim a melhor série de banda desenhada relacionada com zombies de sempre, The Walking Dead.







O autor é Robert Kirkman, grande fã de filmes de zombies, especialmente dos realizados pelo grande George A. Romero. Kirkman pega no universo zombie criado por Romero e expande-o, levando a que esta série seja uma homenagem a filmes como Night of the Living Dead e Dawn of the Dead (já aqui analisado há quase dois anos atrás), mas podendo também ser encarada como um relato de acontecimentos paralelos no mesmo enquadramento destes filmes. Kirkman, frustrado com o carácter definitivo dos finais da maioria dos filmes de zombies, criou The Walking Dead como um relato alargado do Apocalipse, no qual as suas personagens têm tempo para crescer e mover-se dentro do possível, sem a pressão dos créditos finais. Kirkman demonstrou interesse em que The Walking Dead durasse para sempre, mas como tudo acaba um dia, contenta-se por esticar a série até ao limite do aceitável. Por enquanto a qualidade da mesma está neste momento ao mesmo nível do seu início: Altíssima. O argumento é rico em voltas e reviravoltas, e a arte, a preto e branco, reduz algum impacto visual mais grotesco dando profundidade às personagens. Tal como uma novela, em The Walking Dead existe um equilíbrio de um acontecimento bom por cada 15 acontecimentos maus, que levam o leitor a pensar que mais poderá acontecer aquele bando de desgraçados.









Apesar de este ser um livro de zombies, o ponto fulcral de The Walking Dead não são os mortos. A atenção da série está quase exclusivamente virada para os vivos, com especial ênfase para as suas reacções face à catástrofe com que se viram obrigados a lidar e as suas estratégias de sobrevivência. É claro que por aqui se encontram sangue, tripas e corpos em decomposição, mas o mais importante da série é mesmo a evolução de cada personagem quando confrontados com a falta de comida e combustível, a neve do inverno, a procura de um local seguro para poderem viver, a gravidez, o nascimento e a perda de entres queridos. São os diferentes traços de personalidade que separam as pessoas dos mortos-vivos. Há de tudo, desde o polícia bom ao polícia mau, o casal americano xenófobo, o senhor de idade com as suas "sobrinhas", adolescentes suicidas, campónios que guardam zombies no celeiro enquanto a cura para a sua condição clínica não chega, assassinos... Pessoas boas, pessoas más, pessoas que fazem falta quando são devoradas num mundo onde claramente são uma espécie em vias de extinção.




Editado pela Image, The Walking Dead continua a sair regularmente para o mercado. Os TPB 1 até ao 6 estão disponíveis nas lojas de banda desenhada importada (os meus vieram da Ghoul Gear), e seguramente, mais ainda estarão a caminho. Leiam-nos com cautela e em doses pequenas se forem capazes: The Walking Dead é demasiado viciante para a saúde das nossas carteiras.

3 comentários:

  1. Também confesso que fiquei completamente agarrado a esta cena! Mas decidi dedicar-me aos Hard Cover, e por isso estou em falta há uma data de tempo... Mas vale a pena pelo tamanho superior e por se lerem 12 números de seguida...

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  2. Pra quem ainda não viu, é possível fazer o download neste blog:
    http://hqvertigem.blogspot.com/search?q=The+Walking+Dead

    o importante é que todos tenham acesso à cultura.

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  3. É verdade, belo comic este... ainda só vou no quarto volume, como disseste isto é um vício que não é meigo nas carteiras... mas li estes volumes a correr, mal posso esperar para pôr as mãos no quinto!

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