24.5.09

Mais algumas impressões sobre o MANIFesta

Ontem, choveu. Muito. Constantemente. O tempo, que até então tinha estado tão agradável e primaveril, ficou uma bosta. Resultado: os Deolinda, por receio que a chuva lhes estragasse o espectáculo, cancelaram. Ainda se tentou arranjar um palco coberto noutra localidade perto, mas nem o palco se adequava nem faria sentido muda-los para outro sítio. A banda não actuaria. Foi chato, fiquei desiludido primeiro, depois frustrado por ter convocado tantos amigos que viriam de longe para os ver, mas acabei por aceitar o facto como algo que acontece e que não há nada a fazer. Não foi possível ver os Deolinda, paciência. Por morrer uma andorinha não se acaba a Primavera. Houveram mais bandas.

O problema foi que a malta da organização (e não o grupo de voluntários, que envolvia pessoal ligado à Cerci, a uma associação de desenvolvimento local e à câmara municipal) optou por não avisar o público. Era praticamente impossível fazê-lo em tão curto espaço de tempo, certo, e houve um anuncio sobre o cancelamento na rádio local, mas o cartaz a anunciar "Deolinda hoje às 22:00" ainda está neste momento junto ao palco principal. A multidão que veio regressou a casa desinformada, desiludida e frustrada. Muita gente de fora que veio ao MANIFesta para apanhar um bocadinho de chuva à espera de um concerto inexistente e ir embora. Uma pena.

No palco secundário, arriscou-se e a noite Hip-Hop avançou mesmo. Iniciou com o grupo de dança Boa Onda e Escolhas vivas, vindos do Algarve, interrompeu-se com a actuação dos Hot Pink Abuse (um percalço no alinhamento, já que a sonoridade nada tinha a ver com Hip-Hop, mas esta actuação teve de ser antecipada por motivos de saúde de um dos membros da banda) prosseguiu com Woyza e os mais esperados da noite, os Dealema.

Memórias a reter: O catering super-reforçado, que deu para as bandas todas e para os voluntários, graças ao cancelamento dos Deolinda (always look on the bright side of life, diziam os Monty Python), o facto de ter curtido imenso os Hot Pink Abuse apesar daquele público não ser o deles, o facto de ter curtido concertos de Hip-Hop (não é a minha praia, mas desta vez gostei mesmo) e de me ter divertido à brava, a beleza da Woyza (Ai meu Deus, a mulher é tão tão tão tão linda, mesmo das pessoas mais bonitas em termos faciais que alguma vez tive o prazer de privar), a simpatia do namorado dela, El Puto Coke, que também actuou, a boa onda do Maze dos Dealema e o facto do gajo ser mesmo um grande MC, o chá de cidreira que fui pedir encarecidamente a uma senhora que não conhecia de lado nenhum (obrigado senhora) para que a vocalista de Hot Pink Abuse melhorasse a sua condição de saúde e actuasse, a odisseia que foi encontrar ganza para alguns elementos de uma das bandas (tarefa aparentemente tão fácil, mas, aparentemente, o haxixe este Sábado estava mais escasso que o petróleo no Beato), o facto de ter de subir ao palco duas vezes, uma para anunciar os miúdos do Algarve e outra para preparar um público complicado e meio impaciente para a desconhecida Woyza, referindo a sua participação no último registo dos Dealema, o grande Zé, manager desta gente toda e o gajo mais boa onda de todos os tempos. Todas as pessoas que conheci e que comigo deram no duro para que aquilo funcionasse. A apreciação do meu trabalho, traduzida em:

- Uma salva de palmas no backstage pelos Hot Pink Abuse;
- A claque de apoio que tive da segunda vez que subi ao palco (Obrigado pessoal do Bairro Santana!)
- Muitas palavras de apreço e amizade pelas espectaculares pessoas da associação que representei sem realmente fazer parte dela;
- Este disco:



Devidamente autografado pela artista. Em vinil!!!

Pontos negativos: O facto de só ter conseguido ir a uma conferência. A feira do livro estava fraquita. Tanta alcoól a passar-me à frente e eu sem puder beber por motivos de saúde. A malta da entidade organizadora Animar (tirando o gajo alto dos óculos que está à frente daquilo e de quem infelizmente não me lembro do nome, da Mónica que esteve incansável no palco 2, e de mais duas ou três pessoas que se encontravam no secretariado) ser uma cambada de incompetentes que nada faziam e pouco se preocuparam em fazer. Como alguém referiu, eles eram os trapezistas, que recebem os aplausos, nós, os voluntários, somos a rede que os ampara quando caem. E caíram muitas vezes.

Acabando o meu serviço, ainda fui ver uma banda de covers de uns amigos antigos e conversar até ao nascer do sol com uns amigos recentes. E ainda tive energia para escrever este post.

Estou exausto, mas a experiência foi muito compensadora a nivel pessoal, e sinto-me uma pessoa mais rica em termos humanos. Voltaria a fazer tudo de novo, já amanhã, mesmo mal conseguindo mexer as pernas. Acho que descobri a minha vocação...

3 comentários:

  1. Tb fico contente pá... Mas ficava + se viesses cá contar pessoalmente essa tua nova cena! Jantarzinho nos "Manos", não???

    Buly

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  2. Heh... Já não posso jantar nos Manos... Tenho muitas surpresas quando for a Setubal, tenho...

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