5.12.09

Os Melhores Discos de 2009, segundo o Last.FM, parte I

Faço parte integrante da comunidade Last.FM desde 2006, e tenho muito a agradecer a este site, por me ter dado a conhecer dezenas e dezenas de bandas excelentes que de outra forma me teriam passado ao lado... O Last.FM funciona com um conceito semelhante ao do Pandora: à medida que vamos escutando os nossos MP3, o site vai buscar musica relacionada com os nossos gostos, sugerindo-a sem nunca impor nada. É certo que actualmente existem imensos sites que fazem exactamente o mesmo, e o Last.FM já foi muito melhor do que é hoje em dia (possuía um serviço de rádio extremamente apurado que entregava de bandeja música nova de qualidade, mas este serviço passou a ser pago para todos menos para os habitantes da Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos, o que levou a que muita gente tivesse abandonado a comunidade face à discriminação), mas eu sou fiel aos meus princípios e mantenho-me por lá, mais por gratidão do que por outra coisa.

Este mês, visto que nos aproximamos do final do ano a velocidade vertiginosa, o Last.FM apresenta a listagem dos 40 artistas mais ouvidos em 2009 pela comunidade. Esta listagem foi partida em 3 e vai sendo servida em doses semanais. Os primeira parte da lista, contendo os primeiros 20 discos, pode ser encontrada aqui.

Analisando esta primeira parte, chego à conclusão que andei muito distraído em 2009. Um bom pedaço dos nomes apresentados são-me totalmente alheios. Mas é para conhecer música nova que cá estou, e resolvi escutar todos os discos recomendados pelo site e opinar sobre os mesmos. Não é, claramente, a minha lista de discos preferidos, mas é o resultado de uma amostragem do que maior sucesso granjeou entre o público que realmente ouve música. Portanto respirem fundo, comam uma refeição ligeira, façam já o vosso xixizinho, e acompanhem-me enquanto me atiro aos primeiros 10 discos da lista dos Melhores de 2009!


#40 - Little Boots: Hands

Género: Electrónica, Eurodance

O que o Last.FM diz: "Little Boots hails from the North West England, and has been one of the overnight successes in British Pop in 2009. (...) As she quickly moved from lo-fi bedroom clips to big-budget, glossy pop-gloss videos, Little Boots' fans adjusted well: 'New In Town' — which featured on the Jennifer's Body soundtrack — 'Remedy' and 'Earthquake' all got high scrobble counts as their videos went live. Recently 'Stuck on Repeat' has shot to the top of the chart, after featuring in trailers for the latest series of Heroes, among others, while the track's Fake Blood Remix also crept into her Top Ten."

O que eu digo: Bêbado era capaz de dançar isto com gosto. não sendo a minha praia, sinceramente não está nada mau para o género. Algumas faixas são de fugir (Remedy parece saída dos tempos de Ace of Base ou Dj Bobo), algumas são até interessantes (Meddle e Ghost saltam à atenção). A participação de Philip Oakey dos Human League em Symetry não foi incluída aqui ao acaso.

Veredicto: Não é bom nem mau. Cansa. Ouve-se em doses pequeninas.

Teledisco: Remedy


#39 - Florence + The Machine: Lungs

Género: Art Rock, Indie Pop

O que o Last.FM diz: "British singer Florence Welsh started making a mark in early 2008, her London shows carving out a place for a theatric stage set-up and glam outfits long before her music became a fixture on TV soundtracks and idents. Her revolving backing group became known as 'The Machine' after an in-joke with longtime keyboard player Isabella Summers, resulting in the most improbably name-buzz band of 2009."

O que eu digo: Pretensioso, mas em bom. Há aqui uma vontade de se ser maior, que transparece na qualidade dos arranjos. Florence Welsh tem uma grande voz, mas não a utiliza devidamente. Assim, as melhores canções de Florence + The Machine são as mais comedidas, mais "humildes". I'm Not Calling You a Liar é uma boa faixa. Kiss With a Fist é ainda melhor. Girl With One Eye seria excelente se não se perdesse em exageros vocais. Mas o Hype em volta desta banda é merecido, há-que admiti-lo.

Veredicto: Quem gosta de Eurythmics vai delirar.

Teledisco: You've Got The Love


#38 - Kasabian: The West Rider Pauper Lunatic Asylum

Género: Rock alternativo com um toque de Psicadelismo

O que o Last.FM diz: "Since their debut album's release in September 2004, British band Kasabian have been stomping around the UK charts. Five years on and breakout single 'Club Foot' remains a Last.fm listener favourite, and their dubby, dance-influenced spin on guitar rock often results in comparisons to Primal Scream, Oasis and The Stone Roses."

O que eu digo: Os Kasabian são muito bons e este disco está bem conseguido. Existem em The West Rider Pauper Lunatic Asylum grandes canções, com destaque para a faixa de abertura, Underdog, brilhante cartão de visita para quase uma hora de Rock com inspiração oriental. Where All The Love Go? e West Rider Silver Bullet (com participação vocal da actriz Rosario Dawson) são também pontos altos, mas a minha preferia é mesmo a super-dançável Fast Fuse.

Veredicto: É um excelente disco, merece audições repetidas e desperta interesse em conhecer a restante discografia da banda, se bem que tenho ideia de não ter gostado do disco anterior...

Teledisco: Underdog


#37 - Regina Spektor: Far

Género: Pop ao piano, já foi Anti-Folk em tempos saudosos

O que o Last.FM diz: "Though she seldom strays far from her piano, Spektor's music remains fresh and challenging, and her attention to orchestration always brings out something new in her tracks. Vocal gymnastics are an excellent description of her live sets, which manage to whisper and scream within moments."

O que eu digo: Far desiludiu. A voz está lá, mas mais conformista. As letras continuam boas, mas tímidas ("I've got a perfect body, 'cause my eyelashes catch my sweat", em Folding Chair, é a minha letra favorita). A sonoridade é bem trabalhada, mas não cativa. Far é banal. Regina Spektor é neste momento um animal domado pela máquina discográfica, e isso é um total desperdício. O potencial desta artista é abismal!

Veredicto: Libertem Regina Spektor! Já!

Teledisco: Eet


#36 - The Fray: The Fray

Género: Pop-Rock orelhudo

O que o Last.FM diz: "The band released their second full-length record back in February, an eponymous effort that saw them embrace the same warm piano and comforting vocals of the first album. It was a winning formula, bolstered by a string section and subtle performances from The Fray's dual vocalists Isaac Slade and Joe King."

O que eu digo: The Fray é totalmente Radio-Friendly. You Found Me fartou-se de passar na rádio este ano. Never Say Never não passou tantas vezes porque não calhou. As restantes faixas do disco homónimo são todas potenciais singles. Ser-se Radio Friendly não acarreta aqui nenhum sentido pejorativo. Os The Fray são bons no que fazem. São como os Keane, têm o seu público e há-que respeitar. Dentro do género "Banda Pop-Rock que não agride nem entusiasma por aí além" até são os melhores. Eu gostei do disco deles, para ser sincero. O pianinho faz toda a diferença.

Veredicto: Afirmar-se como fã dos The Fray pode ser a chave para conseguir finalmente sacar aquela colega do escritório sem sal que não fode nem sai de cima.

Teledisco: You Found Me


#35 - Metric: Fantasies

Género: Indie Rock, New Wave

O que o Last.FM diz: "Formed ten years ago in the confines of a loft space in Williamsburg, Metric have been on the cusp of shattering pop charts since the release of Live It Out in 2005. Occasional members of Toronto's Broken Social Scene and flatmates of Brooklyn legends TV on the Radio and Yeah Yeah Yeahs, Metric have won over more than just friends in the Indie community and their rabid fanbase lapped up this year's Fantasies."

O que eu digo: Eu gosto dos Metric. Combat Baby foi o meu toque de telemóvel durante dois anos. O novo Fantasies tem algumas faixas excelentes, como Sick Muse e Gimme Me Sympathy. Pelo meio, tem também algumas faixas com menos apelo. Já vem sendo normal com os Metric, as faixas fortes ficam meio perdidas no meio de outras não tão poderosas.

Veredicto: Eu cá gosto.

Teledisco: Sick Muse


#34 - The XX: XX

Género: Dream Pop

O que o Last.FM diz: "Three-piece The xx hail from South London, England, graduates of the same school that brought the World Hot Chip, Four Tet and Burial. There must be something in the water: dark soundscapes, hollow spaces, and bleak whistles and beeps are common to the four groups but, in The xx, the music comes with whispered vocals and dream pop flourishes."

O que eu digo: Vários amigos meus sem relação entre si e com gostos musicais díspares me vêm recomendando The XX ao longo deste ano. Quando tanta gente me recomenda a mesma coisa, a minha tendência natural é para desconfiar. E assim sendo, não liguei puto aos XX. Só acedi a ouvir para poder dar o meu parecer nesta listagem. E pronto, admito, The XX é excelente! O disco é calmo, coeso, imaginativo, intimista, forte no departamento da escrita, nem uma única faixa mole no conjunto. Menos é mais, e as canções dos The XX movem-se livremente, umas palmas, uma linha de baixo, uma frase de guitarra, e já está. Adoro!

Veredicto: Espectacular!

Teledisco: Crystalized


#33 - Eminem: Relapse

Género: Hip-Hop, do mau

O que o Last.FM diz: "Laced with the trademark skits and half-stories fans have come to know Eminem for, Relapse wasn't the instant critical success his previous albums have been: Mathers made a big deal of killing his Slim Shady persona with the release of Encore and Curtain Call, and many expected Eminem to spend longer out of the spotlight."

O que eu digo: Existe Hip-Hop merecedor de mais atenção do que a dispensada a Eminem. Esta é a minha opinião desde há muitos anos a esta parte. Mas o circo MTV diz que é bom, e o rebanho continua a ir atrás. Se a personagem de Marshall Matters está enterrada, porque continua Eminem a descontar os seus problemas na mãe e na mulher? Dez anos a ouvir a mesma cantiga é extenuante. Admito que Eminem até poderá ter músicas boas, mas essas mesmas não andam aqui. E é tudo o que me apraz dizer sobre o assunto.

Veredicto: Relapse não presta.

Teledisco: Beautiful


#32 - Fever Ray: Fever Ray

Género: Electrónica

O que o Last.FM diz: "Better known as one half of The Knife, Karin Dreijer Andersson recorded Fever Ray in 2008 while the brother-sister electronic duo were on hiatus. The Swedish musician released an atmospheric classic; laced with darkness and abstract lyricism, there's a dream-like element to the album which live sets and promo videos have played up, while the monochrome sleeve art became a digital-woodcut, stamping the record into shop windows and scrobble charts."

O que eu digo: O disco de estreia da parte feminina dos The Knife soa a prolongamento do trabalho dos autores de Heartbeats, especialmente graças às vocalizações de Karin Dreijer Andersson e a alguns tiques sonoros. Mas, onde a música dos The Knife é luminosa, o que surge em Fever Ray é uma electrónica dura e lenta, escura. O single de avanço, If I Had a Heart, soa quase a Electro-Gótico, a puxar para os primórdios do sintetizador nos anos 80. A sensação que passa neste disco é a mesma de quando ficamos na cama a descansar depois de um dia inteiro a dormir, um estado de sonho desperto, preguiçoso.

Veredicto: Electrónica para meditar. Aprecio. Faz lembrar Björk, quando não faz lembrar The Knife.

Teledisco: When I Grow Up


#31 - Depeche Mode: Sounds of The Universe

Género: Pop Electrónica

O que o Last.FM diz: "Their twelfth release, Sounds of the Universe, came out in April. More than 3/4 million of you have played it so far, and singles 'Wrong' and 'Peace' have become entrenched in the band's top tracks scrobbled this year. Album plays peaked as the Tour of the Universe began to rumble on, despite being beset by delays and rescheduled shows due to health problems and vocal rest for singer Dave Gahan."

O que eu digo: Dave Gahan esteve vai-não-vai para morrer outra vez, mas Sounds of the Universe saiu cá para fora. E, com surpresa ou talvez não, este é mais um excelente disco do colectivo, que tem vindo a actualizar a sua sonoridade sabiamente sem perder as suas características. Um album coeso, que funciona como um todo. Surpreende pela qualidade e frescura.

Veredicto: Só a característica voz de Gahan ancora os Depeche Mode aos anos 80, porque sonoramente a banda continua actual e pertinente.

Teledisco: Fragile Tension





A contagem e análise regressa brevemente, com os discos situados entre 30º e 21º da listagem. Se não chover nem fizer frio.

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