Tempo de regressar ao passado e revisitar aquele que muito provavelmente será o primeiro jogo de computador Português, o mítico Paradise Café!
Editado em 1985 pela enigmática Damatta, Paradise Café era um jogo para o computador que mais sucesso granjeou nos anos 80, o ZX Spectrum.
O jogo era simples: encarnando um estiloso rapagão, deambulávamos por um corredor vermelho sempre igual, de porta em porta, interagindo com as personagens que nos iam aparecendo. O rapagão insistia em olhar em frente, sempre em frente, olhando tudo e todos de soslaio.
Uma das portas dava entrada ao Paradise Café. Neste local, podíamos comprar droga (sem qualquer utilidade), armas (de importância fundamental para o jogo) e rebentar dinheiro em bebida. Tudo isto em escudos, lembram-se deles?
A única maneira de ganhar dinheiro consistia em assaltar velhotas, acto só possível com o auxílio da pistola. Tínhamos duas hipóteses, o roubo ou a violação. Quase sempre, a escolha recaía na segunda opção.
Volta e meia surgia um rapaz armado em ninja. Este jovem ou nos assaltava ou nos pedia lume. Se nos assaltasse, ficávamos sem documentos e seriamos presos pela polícia mais tarde ou mais cedo. A única opção era disparar primeiro e fazer perguntas depois.
A polícia, como mencionado anteriormente, era o nosso bilhete para o ecrã de GAME OVER. Se fossemos assaltados, acabávamos na cadeia, afagando a cobra zarolha (literalmente). Assim, se matássemos o ladrão ninja de cada vez que o víssemos, o jogo durava e durava e durava e durava...
Mas a principal atracção de Paradise Café era a puta. Vestida de roxo, com uma longa cabeleira, a puta convidava-nos lascivamente para entrar em seus aposentos. Se não entrássemos, chamava-nos maricas. E isso, nos anos 80, nunca!
Dentro na cama, sob o olhar atento de NSJC num crucifixo, e já com um corte de cabelo mais modesto, a menina indagava-nos sobre as nossas preferências. Três hipóteses, oral, anal e vaginal. Os preços variam entre os 1000$00 e os 3000$00. Ao que a inflação chegou nos dias de hoje!
E se não tivéssemos dinheiro para pagar os serviços, a puta chamava o famigerado Reinaldo. E o que acontecia aterrorizava a pequenada e ensinava uma linda lição: nunca visitar uma meretriz sem ter pelo menos três contos de reis no bolso.
Como jogo de computador, e mesmo para a época, Paradise Café era uma bosta, repetitivo, vazio de objectivos, feio e mal-programado. Mas este jogo foi um sucesso underground que deixou raízes e belas memórias em quem teve a oportunidade de o jogar na altura devida. Convém lembrar que a Internet não existia e o acesso a pornografia consistia numa ou duas cassetes VHS que iam passando de mão em mão. Isto era o que havia. É triste mas é verdade.
ainda hoje gostava de saber quem foi que ficou com a minha cassete...
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