
O Lírio Quebrado, belíssimo e envolvente, passou em 4 salas de cinema de quatro pontos do País (Coimbra, Leiria, Torres Novas e Torres Vedras), e se a oportunidade de ver uma obra com perto de 100 anos num ecrã gigante não fosse suficientemente cativante, o facto de a mesma ser musicada ao vivo pelo colectivo ARTANE torna o seu visionamento num evento por si só.
Os filmes mudos, na sua época áurea, nunca foram totalmente silenciosos, sempre existiu uma banda animando as cenas, um sonoplasta habilidoso que dava outra dimensão aos gestos silenciosos dos actores. Foi essa experiência que se procurou recriar, por intermédio de teclados, maquinarias e um violoncelo. O colectivo de Santa Maria da Feira criou uma tapeçaria sonora industrial que, apesar da estranheza inicial que causa no espectador, garante ao Lírio Quebrado uma intensidade absorvente, sublinhando o dramatismo nas cenas-chave e tornando a experiência memorável. Estive presente na sessão de Torres Vedras e creio que o maior elogio que posso fazer à prestação dos ARTANE é que muitas vezes dei por mim tão absorvido no filme e som que me esqueci que tudo o que ouvia era feito em directo.
Os meus sinceros parabéns à Associação de Acção Cultural FADE IN pela criação do evento. Venham mais!
É algo que me aborrece na cinemateca, passarem os filmes mudo, na versão «original», quando uma cinemateca devia saber que «originalmente» os filmes nunca passavam sem acompanhamento musical.
ResponderEliminarEste filme é belíssimo. Há quem diga que é o início do melodrama em filme (não por ser o primeiro, mas por ser o primeiro realmente marcante), e é de facto uma coisa maravilhosa. Tenho que revê-lo. Não conhecia essa iniciativa, parece-me muito buena :)