26.2.07

Filmes: Kids

Quando somos adolescentes nada nos pode parar. Não há doença que nos deite abaixo e as guerras só acontecem na televisão. Não temos preocupações nem contas para pagar, e no entanto somos ingratos para quem nos proporciona essa vida longe de angústias e encargos. Temos direito a tudo e queremos tudo a que temos direito. Afinal, somos invencíveis, certo?



Kids, de 1995, é um pseudo-documentário sobre a juventude urbana dos anos 90 (não me parece que os adolescentes de hoje sejam muito diferentes). Filmado com handycams nervosas, acompanhamos um dia de um grupo de miúdos entre os 10 (!) e os 17 anos. As suas experiências relacionadas com sexo e drogas, violência gratuita (com uma das cenas de pancadaria mais brutais da história do cinema), engates, festas e mais sexo e drogas, num niilismo desprovido de valores que poderá parecer chocante de tão verdadeiro. O primeiro filme de Larry Clark é um trabalho realista e duríssimo, não aconselhado a todas as mentes, sendo esta uma constante nas demais criações deste fotógrafo/realizador.

O enredo de Kids é simples e eficaz. Telly, um skater adolescente, tem apenas uma objectivo no mundo. Desvirginar o maior número de raparigas que conseguir, tendo como desculpa que com virgens não se apanha SIDA. O que Telly não sabe é que ele próprio é portador de HIV, contribuindo grandemente para espalhar a doença. Jennie, uma das suas "conquistas", atravessa a cidade numa tentativa desesperada para o avisar desse facto.

Kids, que chegou a ser descrito como "um pesadelo de depravação" pelo antigo senador Norte-Americano Bob Dole, encontra-se com relativa facilidade em clubes de video. Há não muito tempo, saiu em DVD inserido na Série Y do Público, série essa que entretanto já se vende um pouco por todo o lado, desde tabacarias até mesmo à Fnac. Fácil de encontrar, portanto.



Trailer:

4 comentários:

  1. Eu vi esse filme há uns anos valentes no Canal 2 (mais ou menos na mesma altura que vi o Trainspotting) e fiquei sem perceber um boi! Mas é um filmalhaço, é cru, consegue revolver as entranhas!

    ResponderEliminar
  2. Mais do que “na mesma altura”, deve ter sido no mesmo serão, porque o “Kids” estreou na tv portuguesa, na TV2 (pr’aí em 1998) num especial em que também passaram o “Trainspotting”.

    E até houve um debate no final sobre “a juventude de hoje” (com a Catarina Portas e mais outros “especialistas”...)

    ResponderEliminar
  3. Esse senador norte-americano deve ser é parvo. Só de pensar que o Ken Park recebeu a classificação "banned" na Austrália fico logo mal disposto. É por estas e por outras que o mundo não pula e avança como bola colorida nas mãos de uma criança!

    Gosto do Larry Clark, embora só tenha visto três dos seus filmes (e um deles nem apreciei muito) dos quais o Kids é claramente o meu favorito, por isso acho sempre bom ler sobre ele por estes lados. O bom gosto está cá sempre.

    ResponderEliminar
  4. Grande filme. E o Ken Park idem. Falta-me o Bully.

    ResponderEliminar